O icebergue B-22A está a mover-se, após 20 anos encalhado, e isso é uma má notícia

Durante duas décadas, este enorme bloco de gelo apenas flutuou 100 km. Entre 2022 e 2023, já fez mais 112 km. Ao afastar-se, aumenta o risco de degelo do glaciar Thwaites, o mais frágil da Antárctida.

Foto
O percurso do icebergue B-22A na Antárctida Ocidental traçado pelo Programa Copérnico Copérnico/PÚBLICO

Libertou-se e está agora a flutuar livremente no Mar de Amundsen, na Antárctida Ocidental, o grande icebergue B-22A, que há 20 anos que estava encalhado numa parte pouco profunda daquele mar.

O icebergue B-22A, com 85 km de comprimento por 64 km de largura, separou-se do glaciar Thwaites em Março de 2002 – que é o glaciar com maior largura do planeta, um gigante de 192 mil km2 (maior do que a ilha onde ficam a Inglaterra e a Escócia), cujo colapso representa um grande risco para a subida o nível dos mares globalmente, um dos riscos das alterações climáticas.

Mas durante 20 anos, o icebergue B-22A viajou apenas 100 km, segundo a agência espacial norte-americana NASA. Mas em 2022 e 2023 acelerou o seu movimento, na direcção Noroeste, e já fez 112 km.

Só entre Dezembro e Janeiro já avançou 21 km, diz o Programa Copérnico de Observação da Terra da União Europeia, que ilustra o que se está a passar com esta “imagem do dia”.

Esta imagem foi feita com os satélites Sentinel 3 do Copérnico a 18 de Janeiro, e foram usadas imagens previamente recolhidas para mapear o percurso do iceberg B-22A. O seu perímetro e posição foram projectados a partir de observações anteriores dos satélites Sentinel 3, para permitir visualizar o movimento do icebergue, diz uma explicação da imagem.

A posição do icebergue a 11 de Outubro de 2016 está a vermelho, a azul está a sua localização a 25 de Dezembro de 2022, e a verde o ponto onde se encontrava a 18 de Janeiro de 2023.

Se o icebergue B22-A continuar a afastar-se da espécie de baía formada pelo glaciar Thwaites – que está instável e a desintegrar-se rapidamente –, é provável que se alterem as condições do banco de gelo costeiro [que se estende fora de terra pelo mar dentro], comentou no Twitter o cientista Simon Gascoin, do Centro de Estudos Espaciais da Bioesfera (Cesbio), de Toulouse, França.

A sua equipa produziu um vídeo que mostra a aceleração do icebergue B22-A. “Quaisquer mudanças na persistência ou extensão do gelo no mar do banco de gelo costeiro aumentarão as perspectivas de recuo ou desintegração da língua de gelo de Thwaites”, escreveu.

Sugerir correcção
Comentar