Amílcar Cabral em 50 objectos, um para cada ano da sua morte

Comissão comemorativa do 25 de Abril organiza uma exposição sobre o líder nacionalista africano assassinado a 20 de Janeiro de 1973. Inaugura-se a 17 de Março, no Palácio Baldaia, em Lisboa.

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Amílcar Cabral foi assassinado a 20 de Janeiro de 1973, faz esta sexta-feira 50 anos cortesia da fundacao mario soares

São 50 objectos, de documentos históricos a correspondência pessoal, passando por intervenções artísticas, por um quadro de Noronha da Costa, cartazes de artistas cubanos como Alfredo Rostgaard, uma canção de Cesária Évora. Com isso se faz uma exposição que “conta a trajectória de vida” de Amílcar Cabral, o herói africano, referência das lutas anticoloniais em geral e da libertação da Guiné-Bissau e de Cabo Verde.

Como diz o historiador José Neves, co-comissário, com Leonor Pires Martins, da exposição organizada pela Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, e que estará patente ao público entre 17 de Março e 25 de Junho no Palácio Baldaya, em Lisboa, aquilo que a exposição pretende é “enfatizar a dimensão global de Amílcar Cabral”.

Com destaque para os anos que vão de 1960 até à sua morte em 1973, faz esta sexta-feira 50 anos, a exposição, que leva apenas o nome do líder político que nasceu na Guiné de pais cabo-verdianos, pretende “olhar para o mundo” através do pensamento, da obra e da luta de Amílcar Cabral.

A sua relação com a União Soviética, com a então Checoslováquia, com Cuba, etc., estão bem patentes na exposição, mostrando a dimensão internacional de um líder político que conseguiu internacionalizar eficazmente a luta contra o colonialismo português.

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Alfredo Rostgaard

Intrinsecamente ligado ao 25 de Abril em Portugal, pelo desgaste que a guerra na Guiné então portuguesa provocou no Estado Novo e o incentivo para o nascimento do Movimento das Forças Armadas, Amílcar Cabral foi assassinado antes de ver o sonho de independência das suas duas pátrias (que ele imaginou sempre como uma só) e a ditadura contra a qual lutou cair.

No entanto, o seu papel não podia deixar de ser lembrado no âmbito dos 50 anos da Revolução dos Cravos, com o acrescento acidental de os 100 anos do seu nascimento se assinalarem também em 2024 – daí que a exposição, que tem como principal parceiro a Fundação Amílcar Cabral, siga para Cabo Verde, onde será exibida no próximo ano.

A dimensão cronológica da exposição não se esgota nessa noite de 20 de Janeiro de 1973 em que o líder nacionalista foi assassinado e procura mostrar como o discurso de Amílcar Cabral ainda hoje é actual e como se multiplicam os estudos sobre o seu pensamento e a sua obra.

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