Teatro Oficina: Mickaël de Oliveira aposta na criação para os próximos dois anos

O dramaturgo e encenador sucede a Sara Barros Leitão na direcção-artística do Teatro Oficina por um período de dois anos.

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Conferência de imprensa para anunciar nova direcção-artística a cargo do dramaturgo e encenador Mickaël de Oliveira cortesia A Oficina

Há um ano, a direcção d’A Oficina, cooperativa cultural de Guimarães, decidiu dar um novo rumo ao Teatro Oficina, a sua companhia teatral: muniu-a de uma direcção artística, convidando Sara Barros Leitão para o cargo por um período de um ano, e desenhou um programa destinado à criação, ao apoio a artistas e companhias, e à reactivação do Espaço Oficina, lugar de criação teatral que se encontrava desligado da comunidade.

Volvido um ano, o Teatro Oficina “voltou a ser uma companhia”, com o seu próprio espaço e com actividades paralelas abertas ao público, e está agora capaz de dar o passo seguinte. Até 2024, sob a nova direcção-artística a cargo de Mickaël de Oliveira, a missão passa, por ora, por concentrar esforços no “projecto artístico direccionado à criação”, explicou esta quinta-feira o vereador da Cultura da Câmara de Guimarães, Paulo Lopes Silva, durante a apresentação do programa do Teatro Oficina para o biénio 2023-2024, cuja acção se estabelecerá através do apoio à dramaturgia e à criação, com a abertura de bolsas e residências artísticas.

“O projecto artístico é baseado na criação. A minha vontade é apostar na criação e transformar o tecido local. Estes dois anos são um período saudável e vão servir para criar, inventar e propor. É o tempo justo para pensar um projecto, e executá-lo com alguma calma”, apontou Mickaël de Oliveira, dramaturgo e encenador que no passado foi programador do Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), em Coimbra.

Os dois anos de Mickaël de Oliveira à frente da companhia, ao contrário do que sucedeu com Sara Barros Leitão, que ocupou o cargo apenas por um ano, justificam-se, em parte, pela “dificuldade acrescida” de implementar um vasto projecto artístico em apenas um ano, assumiu Rui Torrinha, director-artístico d’A Oficina para as artes performativas. “Pelo programa que se vê, seria impossível fazer este projecto num ano”, admitiu o responsável, assinalando ainda que o novo ciclo será um “salto qualitativo” para a companhia. “Há um incremento de ambição. Falamos não de uma sucessão, mas de uma progressão. Este ciclo trata-se de somar e não de um pára-arranca”, acrescenta.

O projecto bienal do Teatro Oficina orienta-se, desde logo, com o desenvolvimento, no início do segundo trimestre deste ano, de um programa de residências artísticas orientado para acolher processos de criação teatral e capacitá-los nas suas dimensões técnica e dramatúrgica, da oferta de três bolsas destinadas à elaboração de textos literários por intermédio de autores e estruturas de teatro, e à abertura de uma linha de apoio à criação que procurará dar apoio logístico a artistas e estruturas locais, aproveitando a relação da cidade com as licenciaturas de teatro, artes visuais e artes performativas da Universidade do Minho.

Para o último trimestre está reservada a apresentação do novo espectáculo Ensaio técnico, a única criação prevista pela companhia para o corrente ano, após a estreia de Há ir e voltar, encenada por Sara Barros Leitão. A peça meta-teatral propõe o “mergulhar em todos os impasses e felicidades que um processo de criação implica”, caracterizou o encenador da criação, Mickaël de Oliveira.

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