Utentes da Transtejo protestam contra constantes perturbações no serviço

Desde 22 de Dezembro que os constrangimentos são uma constante diária, colocando os utentes numa situação complicada face aos seus empregos.

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Têm existido várias perturbações nas ligações Nuno Ferreira Santos

Os utentes do transporte fluvial que liga a margem sul a Lisboa realizam, nesta terça-feira, uma concentração na estação do Cais do Sodré em protesto contra os constantes constrangimentos no serviço.

O protesto é organizado pelas comissões de utentes do Cais do Seixalinho (Montijo), do Seixal, Barreiro e Almada que, em conjunto, decidiram chamar a atenção para os problemas que as ligações têm tido nos últimos tempos.

Em declarações à agência Lusa Paulo Soares Jorge, da Comissão de Utentes do Cais do Seixalinho explicou que, desde 22 de Dezembro, que os constrangimentos são uma constante diária, colocando os utentes numa situação complicada face aos seus empregos.

"Há pessoas que nunca sabem quando terão o próximo barco e não podemos estar dependentes de uma lotaria de transportes para nos deslocarmos para o emprego", disse, adiantando que algumas já perderam os seus trabalhos e outras estão com graves problemas laborais devido a este problema.

A Transtejo é responsável pela ligação do Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão, no distrito de Setúbal, a Lisboa, enquanto a Soflusa faz a travessia entre o Barreiro, também no distrito de Setúbal, e o Terreiro do Paço, em Lisboa.

Nesta segunda-feira, a empresa voltou a anunciar no seu site que, por motivo de constrangimentos técnicos na frota, não é possível garantir a realização de todas as carreiras previstas nos períodos de ponta da manhã e da tarde na ligação entre o Seixal e Lisboa.

Numa resposta enviada à agência Lusa no final de Dezembro, a empresa explicou que as perturbações de serviço registadas nas ligações fluviais do Montijo e do Seixal resultam de avarias inesperadas nos navios.

Paulo Soares Jorge explicou que nos últimos tempos a ligação entre o Montijo e Lisboa tem sido realizada com apenas um barco, o mesmo acontecendo entre Lisboa e Seixal.

No caso do Montijo, adiantou, o facto de apenas existir um barco a fazer a travessia implica que só exista uma carreira de hora a hora. As duas ligações deveriam ter a operar três barcos cada.

Por outro lado, frisou, os barcos que efectuam estes serviços estão a funcionar "em parcas condições".

Entre as exigências das comissões de utentes, consta assim a recapitalização da empresa de forma a ter meios para apostar no setor da manutenção.

"Defendemos que haja uma alocação de verbas à Transtejo para no imediato haver a recuperação do sector da manutenção", disse Paulo Soares Jorge, salientando a urgência de manter o equipamento uma vez que os barcos eléctricos anunciados ainda não estão a operar.

Segundo o representante da Comissão de Utentes do Cais do Seixalinho, os primeiros barcos eléctricos devem chegar no fim do ano e os últimos em 2025.

Em Novembro, o Governo perspectivou ter disponível a maior parte da frota eléctrica de navios da Transtejo já durante o ano de 2023.

"Nós acreditamos que, durante o ano de 2023, a renovação da frota da Transtejo vai acontecer. Não sei se conseguiremos ter cá os 10 navios, mas acreditamos que grande parte dela chegará", indicou o secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado, no parlamento.

Jorge Delgado estimou que os primeiros navios eléctricos começariam a operar entre o fim de 2022 e o início de 2023, adiantando que as baterias e os postos de carregamento já estavam contratados.

Em Setembro, a Transtejo tinha anunciado que a empreitada de construção e fornecimento de estações de carregamento da nova frota eléctrica de navios da Transtejo tinha sido adjudicada pelo valor de cerca de 14,4 milhões de euros.

Em Agosto, a empresa fez saber que a entrega dos quatro primeiros navios da nova frota eléctrica estava prevista para o período entre Dezembro de 2022 e Junho de 2023.

Em resposta a questões da agência Lusa, a administração da Transtejo-Soflusa explicou que, dos 10 navios eléctricos, que representam um investimento de 52,4 milhões de euros, quatro estão previstos ser entregues "entre Dezembro de 2022 e Junho de 2023", outros quatro "chegarão até final do ano de 2023 e os últimos dois navios, que completam o projecto, serão recebidos em 2024".

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