A vontade de mudança

Apesar das dificuldades, é claro que é possível mudar! Sobretudo quando se prepara a mudança para além da verbalização da vontade de o fazer.

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Uma rotina de exercício físico fortalece o corpo e o cérebro @petercalheiros

No fim de todos os anos, contam-se as 12 badaladas e fazem-se promessas banhadas por champanhe e cobertas com uvas passas, roupa branca e pé direito. As mais comuns estão relacionadas com a saúde e bem-estar, incluindo começar a fazer exercícios, perder peso, deixar de beber, ler mais e comer melhor.

Tudo isto é natural e saudável, sendo mesmo positivo que cada um faça o seu balanço pessoal sobre o ano que passou e vislumbre alguns desejos de mudança para o futuro próximo. O problema coloca-se quando o tempo começa a passar sem que nada seja posto em prática e é assim que os desejos se repetem ano após ano, acumulando o rol de intenções e o desânimo de quem se vê envolto em falsas esperanças ano após ano.

E porque é que isto acontece? Porque habitualmente traçamos metas irreais, acarretando uma exigência tal e em tão pouco tempo que faz com que facilmente tudo caia por terra entre o final de janeiro e o início de fevereiro. Por outro lado, queremos mudar, mas, de preferência, sem mudar... Mantermo-nos como estamos é mais fácil porque já sabemos como é e mudar implica o questionamento de alguns pressupostos que organizam a nossa vida e a procura de outros que vão ao encontro daquilo que preferimos.

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É positivo que cada um faça o seu balanço pessoal sobre o ano que passou e vislumbre alguns desejos de mudança para o futuro próximo Getty Images

Apesar destas dificuldades, é claro que é possível mudar! Sobretudo quando se prepara a mudança para além da verbalização da vontade de o fazer. Então, vejamos:

— Não programe uma mudança radical, comece por algo simples, porém sólido, de modo a que não se desvaneça rapidamente dada a sua elevada exigência;

— Não acredite somente na força de vontade, nada se vai concretizar simplesmente porque quer muito. Opte por traçar pequenas metas a alcançar e concentre-se nelas, passando a outra somente depois de a primeira ter sido alcançada;

— Enquanto seres humanos, somos altamente complexos e somos seres de hábitos, por isso, para haver mudança, também é preciso criar um hábito;

—​ Reflita sobre os ambientes onde se move habitualmente. Pondere a necessidade de afastar-se de lugares e de pessoas que não promovem hábitos saudáveis;

— Caso o seu dia-a-dia seja repleto de stress, opte por pedir ajuda para gerir emoções. A desregulação emocional continuada aumenta o risco de psicopatologia;

— Fortaleça a sua rede de suporte social, as relações interpessoais de qualidade fortalecem o nosso equilíbrio psicológico;

— Cuide da sua alimentação e do seu sono. Comer de forma saudável e dormir bem é meio caminho para o equilíbrio diário;

— Estabeleça uma rotina de exercício físico, isto fortalecerá o seu corpo e o seu cérebro;

— Vivemos um conjunto de pressupostos produzidos socialmente que organizam ou constrangem as nossas vidas e, na maior parte das vezes, nem temos consciência disso. Por exemplo, o perfeccionismo é visto como um requisito para o sucesso, sendo este último indicador para muitas pessoas de uma vida plena. De que forma é que o perfeccionismo consegue fazê-lo pensar que é incompetente e não consegue o que quer porque não é perfeito? Lembre-se de que a busca constante da perfeição pode levá-lo a procrastinar;

— Não acolha a ideia de uma “versão 2.0 de mim mesmo”. Embora esteja tão em moda, não passa de um cliché fácil que pode encobrir um desejo irrealista e tornar-se prejudicial, dada a sua elevada exigência e superficialidade;

— Então, para uma mudança sólida, importa centrar-se em duas ou três coisas exequíveis, de modo consistente e procurando reduzir os constrangimentos à mudança.

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