Palcos da semana: da vida de Ruy de Carvalho à mentira de Falabella

Viseu dança com o NANT, enquanto o Porto homenageia Eugénio de Andrade e faz a festa no Rivoli. Pelo país, andam Ruy, a História Devida e A Mentira segundo Miguel Falabella.

performance de Gaya de Medeiros
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O NANT - New Age New Time recebe o Atlas da Boca de Gaya de Medeiros Rui Soares
LIS15980227 - LISBOA: O actor Rui de Carvalho agradece os aplausos do publico apos o ter condecorado pelo Presidente da Republica, Jorge Sampaio, esta noite com o grau de Comendador da Ordem Militar de Santiago da Espada, no final de mais uma representacao da peca "Rei Lear", em exibicao no Teatro D. Maria II.   FOTO MANUEL DE ALMEIDA/LUSA
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Ruy de Carvalho leva a vários palcos as histórias da sua vida MANUEL DE ALMEIDA
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A dupla Trypas Corassão alinha no 91.º aniversário do Rivoli Ana Viotti
,Museu da Cidade Porto
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A exposição documental Eugénio de Andrade, A Arte dos Versos abre um ciclo dedicado ao poeta Museu da Cidade - Colecção Casa Eugénio de Andrade
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Miguel Falabella traduz, adapta, encena e protagoniza a comédia de Florian Zeller A Mentira CAIO GALLUCCI

Da Penumbra à pista

Um condensado de criações recentes de coreógrafos volta a mover-se na direcção de Viseu para o NANT - New Age, New Time. A 11.ª edição do festival de dança contemporânea promete diversidade, cruzamentos e propostas para “reflectir sobre os diferentes corpos que rasgam fronteiras e preconceitos e sobre as categorizações sociais e políticas intolerantes e limitadoras”, faz saber a organização.

O primeiro movimento é de Bruna Carvalho n’A Penumbra. Seguem-se As Bestas, As Luas de Elizabete Francisca, inspirada por Elza Soares; o Cocoon de Matthieu Ehrlacher, em que “o corpo incorpora a cenografia e ao mesmo tempo está dentro dela”; o Atlas da Boca de Gaya de Medeiros, “uma investigação de dois corpos trans”; o imaginário cyberpunk de Neon 80, de Beatriz Soares Dias; e, para as famílias, Uma Bailarina Espe(ta)cular pela Companhia de Dança de Matosinhos. Isto em palco.

Fora dele, Catarina Keil e Fernando Queiroz conduzem uma caminhada-performance de Selvilização pelas ruas da cidade, enquanto Alfredo Martins e Marco da Silva Ferreira montam uma discoteca silenciosa no NB Club Viseu.

Neon 80, de Beatriz Soares Dias Paulo Pimenta
Cocoon, de Matthieu Ehrlacher Susana Paiva
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Neon 80, de Beatriz Soares Dias Paulo Pimenta

Uma vida em palco

Ninguém rivaliza com Ruy de Carvalho na longevidade enquanto actor profissional em actividade. Nem na reverência dos seus pares. Das tábuas ao plateau de telenovela, fez de tudo e fez de muitos. Aos 95 anos, lança-se ao desafio de recordar esse percurso em Ruy, a História Devida. Paulo Coelho assina o texto, Paulo Sousa Costa encena e Luís Pacheco é o cúmplice em palco.

Mais do que uma peça, anuncia-se como um momento de partilha em que o actor se transforma em contador de memórias, com espaço para a conversa. Oeiras é apenas a primeira paragem de uma extensa digressão que, até finais de Maio, o vai levar ao encontro do seu público um pouco por todo o país.

São rosas, Trypas Corassão

Cinco dias, cinco formas artísticas de celebrar. No seu 91.º aniversário, o Rivoli oferece ao público música, dança, marionetas, performances e outras linhas.

Sobressai a estreia nacional de Mystery Sonatas / For Rosa, em que a coreógrafa Anne Teresa de Keersmaeker (com a sua companhia, Rosas) torna a associar-se à especialista em música barroca Amandine Beyer (à frente do seu agrupamento, Gli Incogniti), agora para enaltecer o poder de resistência das mulheres a partir das Sonatas dos Mistérios de Biber e elegendo a rosa como símbolo. O espectáculo passará também pela Culturgest, em Lisboa, nos dias 25 e 26 Janeiro.

Mas voltemos à sala portuense, onde a festa também convida a andar Como Um Carrossel com o Teatro de Marionetas do Porto, cantar com as Trypas Corassão, entrar na Máquina Magnética da Sonoscopia e folhear um novo volume dos Cadernos do Rivoli.

Versada em Eugénio

No exacto dia em que Eugénio de Andrade faria 100 anos, uma exposição documental em sua homenagem é inaugurada no Porto, cidade onde passou boa parte da vida e onde viria a morrer em 2005. Com curadoria de Jorge Sobrado e Rita Roque (em colaboração com Arnaldo Saraiva) e organizada a partir do acervo da fundação que leva o nome do poeta, Eugénio de Andrade, A Arte dos Versos mostra postais, cartazes, fotografias, manuscritos, filmes ou objectos pessoais – um deles, a sua máquina de escrever.

É o primeiro momento de todo um programa alinhado pelo Museu da Cidade do Porto para assinalar o centenário. Inclui um ciclo de leitura quinzenal, visitas guiadas, conversas, cursos breves, actividades educativas e “um segundo momento expositivo dedicado às cumplicidades artísticas”, guardado para mais tarde.

Falabella apanhado n’A Mentira

O que faria se visse o marido de uma amiga com outra mulher? Contava à sua amiga? Não é dilema fácil de resolver. E pode ganhar contornos imprevisíveis. É o que acontece n’A Mentira que o francês Florian Zeller escreveu (como peça “simétrica” a outra, A Verdade) e que um fã dele, o brasileiro Miguel Falabella, resolveu traduzir, adaptar e encenar.

Passa-se entre dois casais amigos que estão prestes a encontrar-se para jantar quando o assunto se mete no caminho. O que se segue é um desdobrar de constrangimentos, dúvidas, indirectas e revelações. Danielle Winits, Alessandra Verney e Frederico Reuter juntam-se no elenco a Falabella, que não se abstém de imprimir à comédia o tom assumidamente revisteiro que lhe conhecemos do preconceituoso e saudoso Caco Antibes, da sitcom Sai de Baixo.

A Mentira começa em Lisboa mas fica por cá até ao fim de Março, com passagem pelo Porto, Braga, Póvoa de Varzim, Aveiro, Faro, Vila Real e Figueira da Foz.

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