Procurador especial vai investigar documentos confidenciais de Biden

O procurador-geral Merrick Garland nomeou Robert Hur para liderar a investigação. Republicanos pedem inquérito no Congresso.

Foto
Biden disse que está a "cooperar total e completamente" com a investigação Reuters/JONATHAN ERNST

O procurador-geral dos Estados Unidos, Merrick Garland, nomeou esta quinta-feira um procurador especial para investigar a descoberta de documentos confidenciais na residência privada do Presidente Joe Biden, no estado do Delaware, e num escritório em Washington.

O anúncio aconteceu após o reconhecimento de Biden de que um documento marcado como confidencial, da época em que era vice-presidente do país (2009-2017), foi encontrado na sua biblioteca pessoal em Wilmington, Delaware, juntamente com outros ficheiros encontrados na sua garagem, os quais se juntam a um primeiro lote de documentos classificados que já haviam sido encontrados no Penn Biden Center, um think tank ligado à Universidade da Pensilvânia e que o actual chefe de Estado utilizava como escritório pessoal.

Robert Hur, um ex-procurador no estado do Maryland, nomeado para esse cargo por Donald Trump, liderará a investigação, substituindo o principal procurador do Departamento de Justiça em Chicago, John Lausch — um outro funcionário do Departamento de Justiça nomeado por Trump — anteriormente designado para fazer uma investigação preliminar.

"Conduzirei a investigação designada com justiça, imparcialidade e com um julgamento desapaixonado", disse Hur num comunicado após a sua nomeação.

"Pretendo acompanhar os factos de forma rápida e completa, sem medo ou favor, e honrarei a confiança em mim depositada para realizar este serviço", acrescentou.

Hur é próximo do antigo procurador-geral-adjunto Rod Rosenstein, uma figura-chave na investigação do procurador especial Robert Mueller sobre a interferência russa nas eleições de 2016 nos Estados Unidos. Também trabalhou como consultor do director do FBI, Christopher Wray, no Departamento de Justiça.

Com recurso a um outro procurador especial nomeado por Garland, o Departamento de Justiça está a investigar a retenção, por parte do ex-Presidente Donald Trump, de centenas de documentos confidenciais, que foram encontrados na sua mansão em Mar-a-Lago, na Florida.

Embora as situações sejam factual e legalmente diferentes, a descoberta de documentos confidenciais em dois locais separados ligados a Biden— bem como a nomeação de um novo procurador especial — poderão ter impacto em qualquer processo que o departamento possa instaurar contra Trump.

Biden disse esta quinta-feira a jornalistas na Casa Branca que está a "cooperar total e completamente" com uma investigação do Departamento de Justiça sobre a descoberta de informações classificadas e registos do Governo na sua casa e num escritório particular que por vezes utilizava como local de trabalho.

O Presidente dos EUA não revelou quando é que este segundo grupo de documentos foi encontrado. Disse apenas que a revisão dos possíveis locais de armazenamento feita pelos seus advogados foi concluída na noite de quarta-feira.

Os advogados encontraram o primeiro conjunto de documentos confidenciais em 2 de Novembro, poucos dias antes das eleições intercalares do ano passado, mas só revelaram publicamente essa descoberta na segunda-feira.

Na sequência do anúncio da nomeação de um novo procurador, a Casa Branca informou que está "confiante de que uma revisão completa mostrará que esses documentos foram extraviados inadvertidamente, e o Presidente e seus advogados agiram prontamente ao descobrir esse erro".

O novo líder da Câmara dos Representantes, o republicano Kevin McCarthy, pediu esta quinta-feira ao Congresso norte-americano a abertura de uma investigação sobre os documentos confidenciais encontrados na residência privada do Presidente.

"O Congresso deve investigar este caso", disse McCarthy à imprensa, considerando-o "um novo passo em falso da Administração Biden".

Sugerir correcção
Ler 6 comentários