Câmara do Porto quer comprar ilha nas Fontainhas mas o futuro dos moradores é incerto

O Bairro dos Moinhos foi afectado pelas cheias de sábado passado, deixando a casas inabitáveis. Autarquia diz que a ilha está em zona considerada perigosa. Vivem lá 23 famílias.

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A ilha do Bairro dos Moinhos foi afectada pelas cheias de sábado passado Paulo Pimenta
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A ilha do Bairro dos Moinhos foi afectada pelas cheias de sábado passado Paulo Pimenta
Mouzinho da Silveira
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A ilha do Bairro dos Moinhos foi afectada pelas cheias de sábado passado Paulo Pimenta

Umas casas poderão vir a ser demolidas, outras poderão vir a ser reabilitadas ou reconstruídas. Este deverá ser o futuro do Bairro dos Moinhos - uma ilha das Fontainhas afectada pelas enxurradas de sábado passado - se a Câmara do Porto conseguir comprar as casas aos 23 senhorios, como demonstrou esta quarta-feira ser sua vontade. As negociações já estão em curso.

Em aberto está o futuro das 23 famílias que lá vivem e viram, durante o fim-de-semana, as suas casas serem inundadas com maior intensidade do que noutros anos. Desta vez, o rebentamento de um tubo que encana o Ribeiro do Poço das Patas, que passa perto do complexo habitacional até desaguar no Rio Douro, contribuiu para o agravamento da situação, num dia de muita chuva.

No seguimento do sucedido, a autarquia anunciou estar em contacto com os senhorios para adquirir a ilha. O motivo para a compra, adiantou esta quarta-feira Rui Moreira aos jornalistas após a cerimónia de distinção dos trabalhadores municipais envolvidos na resposta à intempérie, prende-se com a circunstância de o bairro estar em local “assinalado como zona de perigo”.

“Aquilo que verificamos é que existem ali pessoas a viver que não têm grandes condições de habitabilidade. Aquilo que queremos fazer, e estamos já a iniciar através da junta de freguesia, que nos pôs em contacto com os proprietários, é um plano para que a câmara possa adquirir essa ilha”, adianta o autarca independente.

O objectivo é criar na ilha, situada numa escarpa no final da Rua de São Victor, um “resguardo municipal”. Nesse processo será averiguado que zonas terão de ser protegidas, o que desencadeará uma tomada de decisão: que casas se podem manter e que casas terão de ser demolidas.

“Chamo à atenção que aquela zona é uma zona perigosa. Em 1959 houve uma grande tragédia nos Guindais, exactamente porque a escarpa cedeu. Em 2001 houve também uma catástrofe ali que provocou mortes. Portanto, temos de impedir que as pessoas ali vivam”, sublinha.

Fica por saber que futuro terão as 23 famílias que residem na ilha dos Moinhos. A autarquia ainda não tem resposta para essa questão. “Primeiro temos de ver se conseguimos comprar [as casas]. Depois temos de perceber quais são aquelas zonas que consideramos serem edificáveis, em que podemos construir de novo ou reabilitar, e quais devem ser demolidas. Mas é muito cedo para fazermos um levantamento destes num território que não é municipal e que ainda não conhecemos em detalhe”, afirma.

No sábado passado, as casas do Bairro dos Moinhos ficaram inundadas, ficando cerca de uma dezena de habitações em situação mais grave. Uma mulher de 90 anos recorreu a ajuda familiar e mudou-se temporariamente para casa de um filho. Os outros moradores permaneceram na ilha.

Alojamento temporário desadequado

Moreira diz que foi oferecido alojamento, através da Segurança Social, a quatro das famílias mais afectadas. Mas só uma é que aceitou. “Houve muitos que pura e simplesmente não quiseram ser realojados. Nós não os vamos obrigar”, atira. As outras três, adianta, terão encontrado solução em casa de familiares.

Ao PÚBLICO, um morador dos Moinhos confirma que foi oferecido alojamento temporário às quatro famílias. Porém, avança que todas elas se mantêm nas suas casas. Uma chegou a ficar instalada numa pensão na freguesia do Bonfim, afirma, mas regressou por considerar que a alternativa encontrada pela autarquia não tinha as condições necessárias para albergar os moradores afectados pelas cheias.

Sobre os prejuízos – existem moradores que ficaram com os electrodomésticos e outros pertences inutilizáveis – Moreira diz que os moradores devem fazer um relatório para que se apurem os danos. O prejuízo, assegura, será coberto pelo Estado, “através da Comissão de Coordenação”.

Quem foi afectado nas cheias das ruas de Mouzinho da Silveira e das Flores também será ressarcido. O presidente da câmara corrobora o que já tinha sido dito pelo seu vice na segunda-feira, e diz que a “única variável nova” nas inundações no Porto são as obras do metro, nas quais se inclui o desvio do Rio de Vila. A autarquia aguarda o relatório de avaliação que a Metro do Porto pediu ao LNEC para apurar se será necessário reformular o projecto das obras que decorrem para a expansão de rede, de forma a que “a situação não se repita”.

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