Arquitectura

No Estoril, uma casa veio dos anos 70, sem “antes, durante e depois”

Requalificada no Estoril, esta casa familiar abriu-se para mostrar, com orgulho, as suas "camadas de tempo". Um projecto do Atelier José Adrião Arquitectos.

Zona Exterior Casa Santo António. ©Fernando Guerra (FG+SG FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA)
Fotogaleria
Zona Exterior Casa Santo António. ©Fernando Guerra (FG+SG FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA)

A Casa Santo António, no Estoril, Cascais, renasceu através da mistura da arquitectura dos anos 70 com os traços da modernidade. A proposta de requalificação teve em conta a opinião de um dos arquitectos da casa inicial, José Bruschy. “Ele foi lá connosco dizer o que tinha pensado no projecto original”, conta José Adrião, coordenador do projecto de reabilitação. Assim, a volumetria da casa, nomeadamente a planta original em L orientada para poente/sul, ficou praticamente intacta.

A reabilitação desta residência surgiu do contacto do cliente que "percebeu a mais-valia que seria manter aquela estrutura”, diz Ana Grácio, chefe do projecto. Ao atelier, tal permitiu “ir construindo sobre o construído e valorizar cada elemento arquitectónico”.

O piso de origem da casa era mais antigo do que a estrutura. “Percebemos que era um pavimento com 200 anos que foi trazido de um convento demolido e instalado na casa, o que foi mais um ponto que nos permitiu trabalhar com a ideia de camadas de tempo”, relata o arquitecto. A vontade de valorizar mais a casa foi sempre o ponto central. “Uma das primeiras ideias que tivemos ao ver a casa foi criar uma abertura para relacionar o interior com o exterior”, narram os arquitectos.

De entre as alterações, destacam-se as técnicas – canalização, aquecimento, luz – que permitiram aumentar, desde logo, o conforto; e a harmonização das divisões, de forma a trazê-las de uma disposição com 50 anos para a modernidade. “As pessoas agora vivem de forma diferente. Já não está tudo compartimentado. As divisões abrem-se umas para as outras”, explica o coordenador do projecto.

Para José Adrião, o exterior foi uma zona que sofreu uma grande reforma. Juntamente com arquitectas paisagistas deixaram de lado “a ideia de um espaço exterior” e criaram “uma ideia de jardim”. Para isto, transferiram a piscina existente para uma zona inferior do terreno, tornando-a invisível para quem está dentro de casa.

Um aspecto que caracteriza a Casa Santo António é a pérgula que se ergueu no exterior. Imaginada coberta de trepadeiras e glicínias, esta estrutura “interliga o interior e o exterior, ao mesmo tempo que “desenha o pátio interno da casa”.

Com a adaptação das telhas pretas iniciais para brancas, esta residência tornou-se parte do “ambiente exótico da zona do Estoril”, considera José Adrião. E assim voa pelas gerações, sem “antes, durante e depois”.

Texto editado por Amanda Ribeiro

©Fernando Guerra (FG+SG FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA)
©Fernando Guerra (FG+SG FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA)
©Fernando Guerra (FG+SG FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA)
©Fernando Guerra (FG+SG FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA)
©Fernando Guerra (FG+SG FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA)
©Fernando Guerra (FG+SG FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA)
©Fernando Guerra (FG+SG FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA)
©Fernando Guerra (FG+SG FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA)
©Fernando Guerra (FG+SG FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA)
©Fernando Guerra (FG+SG FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA)
©Fernando Guerra (FG+SG FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA)
©Fernando Guerra (FG+SG FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA)
©Fernando Guerra (FG+SG FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA)
©Fernando Guerra (FG+SG FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA)
©Fernando Guerra (FG+SG FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA)
©Fernando Guerra (FG+SG FOTOGRAFIA DE ARQUITECTURA)