Câmara: A “única variável nova” nas inundações no Porto são as obras do metro

Vice-presidente da autarquia espera estudo do LNEC para fazer avaliação das causas das inundações. Mas sublinha que Rio de Vila está encanado há 150 anos e nunca se viu um fenómeno como o de sábado.

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Houve inundações na manhã de sábado Paulo Pimenta

As inundações são expectáveis perante um fenómeno “completamente atípico, causado por uma tormenta”, como o vivido no Porto na manhã deste sábado. Mas os problemas na zona da Rua Mouzinho da Silveira, debaixo da qual corre o Rio da Vila, são inéditos. E “as obras do metro do Porto são a única variável nova.”

Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara do Porto, prefere esperar a avaliação do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, a quem foi encomendado um estudo sobre a empreitada na sequência das inundações, para se pronunciar em definitivo sobre o que aconteceu na cidade no sábado. Mas não esconde que há “factos” que apontam para uma relação entre as obras e as inundações - ao contrário do que a Metro do Porto afirmou no sábado.

Foi essa relação, aliás, que motivou a adopção de uma medida de emergência ainda na madrugada de domingo, já que havia previsões de que o fenómeno de tormenta se pudesse repetir. Debaixo do solo - e deacordo com a Metro do Porto, que participou numa longa reunião nos Paços do Concelho na tarde e noite de sábado - foi demolida uma parede que parecia impedir que os mananciais que vão para o rio de Vila a partir do Oriente passassem. “Havia uma obstrução. É necessário rever aquela estrutura”, resumiu em conversa com o PÚBLICO.

As águas que chegam ao mesmo rio a partir das Ruas do Almada e dos Clérigos foram também desviadas, no decurso da obra, para o Largo dos Lóios. E segundo Filipe Araújo “há um subdimensionamento na conduta” que faz a ligação ao rio – o que também terá agravado o problema.

Por último, referiu, concluiu-se que “é preciso criar mais espaços de inserção da água” naquela zona já que os mesmos foram subtraídos por causa da empreitada. “Perante fenómenos de chuva extrema, há necessariamente água que circula à superfície, mas essa água deveria ter sido encaminhada para sítios que, por causa da obra, estavam obstruídos.”

O LNEC avaliará, agora, se os problemas detectados ocorreram por alguma deficiência da obra ou do projecto. “Queremos encontrar explicações e mitigar problemas”, refere Filipe Araújo, sublinhando a importância da nova linha de metro para a cidade.

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