Roberto Martínez apresentado: “Portugal tem de ser uma equipa moderna”

Treinador espanhol apresentado como novo seleccionador português. Fernando Gomes diz que foi o único contactado para substituir Fernando Santos.

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Roberto Martínez, novo seleccionador de Portugal Reuters/RODRIGO ANTUNES

Depois de oito anos com Fernando Santos, serão, pelo menos, mais três com Roberto Martínez. O treinador espanhol foi nesta segunda-feira apresentado como novo seleccionador nacional, com mandato para conduzir a selecção portuguesa até ao Euro 2024 e ao Mundial 2026, tendo ainda a fase final da Liga das Nações para disputar. Martínez assume mais um projecto numa selecção de topo, depois de ter orientado a Bélgica, que manteve como n.º 1 do ranking FIFA durante quatro anos, mas sem qualquer título conquistado.

Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), admitiu que houve contactos exploratórios com treinadores portugueses na busca de um novo seleccionador, sem nunca referir o nome de José Mourinho, mas garantiu que Martínez foi o único que teve direito a proposta. “Falámos com muita gente, temos uma boa relação com todos os treinadores portugueses, mas a única proposta que fizemos foi ao Roberto Martínez”, garantiu o líder da FPF.

Depois de um ciclo marcado pelas conquistas do Euro 2016 e da edição inaugural da Liga das Nações, Fernando Gomes anunciou “um ciclo novo” com um treinador que “encaixa no perfil” e deixou como objectivo chegar às meias-finais nas grandes competições de selecções. O presidente da FPF, cujo mandato termina em 2024, não irá estar até ao final do contrato de Martínez, mas diz que tudo o que tem feito é para garantir uma transição “segura e tranquila” para o seu sucessor.

“Na construção do perfil, nunca foi relevante o local de nascimento do novo seleccionador de Portugal. Somos uma selecção formada por jogadores que na grande maioria, actuam, já actuaram ou vão actuar nos próximos anos em diferentes países ou campeonatos”, referiu ainda Fernando Gomes.

Depois de falar o líder federativo, falou o novo seleccionador nacional, o primeiro estrangeiro a liderar os destinos de Portugal depois de Scolari, e Martínez reforçou a sua intenção de dotar a selecção portuguesa de flexibilidade táctica, admitindo que pode recorrer a uma defesa a três, algo que Fernando Santos nunca fez.

“O que é importante é a selecção ser sempre competitiva. A Bélgica esteve 28 jogos invicta em grandes torneios. Portugal tem de competir sempre, tem de ser uma equipa moderna, ter flexibilidade técnica e aproveitar ao máximo o talento dos jogadores, ser uma equipa que tenha talento com bola e sem bola”, disse Martínez. “Não acredito em sistemas, acredito em seres humanos que jogam futebol, e em ser tacticamente flexível, nunca forçar um talento para se adaptar a um sistema.”

E o novo seleccionador conta com Cristiano Ronaldo? Martínez assegura que a lista dos 26 que estiveram no Mundial será o seu ponto de partida e que não irá tomar nenhuma decisão por decreto: “As decisões de futebol tomam-se no terreno. O meu ponto de partida é conhecer todos. A lista de 26 é o meu ponto de partida, o Cristiano merece o respeito de nos podermos sentar e conversar. Quero conhecer todos e Cristiano é um deles. Há 54 jogadores nas grandes ligas com menos de 28 anos. Quero dar uma oportunidade a todos os jogadores que estiveram no Mundial, o Cristiano é um deles, estou encantado de os ter ao meu lado.”

Martínez apresentou-se com um “boa tarde” e um “obrigado”, prometendo aprender a falar em português antes de prosseguir a conferência de imprensa em castelhano. “Portugal é uma das selecções do mundo com mais talento. Entro neste projecto com grandes expectativas e grandes objectivos”, começou por referir o técnico de 49 anos, que agradeceu ao seu antecessor as bases que deixou: “É sempre fácil suceder a um grande seleccionador, podemos aproveitar o trabalho. A ideia é agradecer a Fernando Santos e manter as coisas boas.”

Para Martínez, foram oito anos a observar a selecção portuguesa de fora. “Portugal tem sido sempre competitiva, esse é o meu ponto de partida. Quero uma equipa com facilidade no jogo de ataque, é um processo. Vai ser trabalhar como num clube. A partir da base, os conceitos têm de ser muito claros”, assinalou.

E objectivos? Os maiores possíveis, mas uma coisa de cada vez, disse o novo seleccionador, que se irá estrear em Março próximo com dois jogos de qualificação para o Euro 2024 com Luxemburgo e Liechtenstein. “O objectivo tem de ser sonhar alto. Se Portugal não se classificar para o Euro, não o pode ganhar. Primeiro, passos pequenos para assentar as bases, a partir daí há que sonhar. Esta equipa tem de representar o povo português.”

O técnico espanhol declarou ainda a sua vontade de ter um adjunto português na sua equipa técnica que ainda não está fechada: “Vamos finalizar nos próximos dias, queria incorporar um adjunto português, com carreira internacional, ex-jogador da selecção”, revelou.

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