Kaleidoscope: uma série para se ver por várias ordens

Um assalto a um cofre em Nova Iorque numa noite de furacão é o foco da nova série que a Netflix mostra por uma ordem aleatória.

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Kaleidoscope é uma série de Eric Garcia com produção executiva de Ridley Scott Netflix

Não há uma maneira de ver Kaleidoscope. Nem certa, nem errada. A Netflix, que lançou a série no primeiro dia do ano, põe os episódios a dar aleatoriamente para cada espectador. Só um, o episódio branco – cada capítulo tem nome de cores em vez de números –, é que tem de ser visto como o último, que só é desbloqueado quando os outros estiverem despachados. O resto é pela ordem que eles querem, ou que quem vê quer. As possibilidades são inúmeras.

É essa a ideia desta criação de Eric Garcia com produção executiva de Ridley Scott sobre um assalto a um cofre numa noite de furacão. Os oito episódios englobam o que acontece antes – e às vezes muitos anos antes: há um que viaja 25 anos no passado –, durante (o tal último episódio) e depois. Só depois de se ver tudo é que se pode ver, por exemplo, ordem cronológica, começando com os episódios que mostram o que se passou anos antes e indo para aqueles que abrangem as semanas que antecedem o assalto. Kaleidoscope é uma daquelas experiências televisivas como a quarta temporada de Arrested Development, os episódios interactivos de Black Mirror e The Unbreakable Kimmy Schmidt, também Netflix, ou Mosaic, a aplicação/série escrita por Ed Solomon para Steven Soderbergh.

No centro de tudo, está Giancarlo Esposito, o actor que se fez em filmes de Spike Lee e nos últimos anos tem feito mossa na televisão, meio no qual sempre trabalhou, mas onde tem tido muito mais destaque, em séries como Breaking Bad ou Better Call Saul. Faz de Leo Pap, o cabecilha da quadrilha que tem um plano para roubar milhares de milhões de dólares em obrigações ao portador (como em Assalto ao Arranha-Céus, dizem na série).

A trabalhar com ele, há Paz Vega, como a sua advogada, Peter Mark Kendall, como um contrabandista que esteve preso com ele, Rosaline Elbay, no papel de uma especialista em explosivos, ou Jai Courtney, o seu marido volátil que abre cofres. Há ainda pessoas do seu passado – é um assalto bastante pessoal –, com actores como Rufus Sewell, que faz do grande alvo do assalto, um guru da segurança que trabalha para um trio de poderosos multimilionários que são os donos das obrigações, ou Tati Gabrielle, que trabalha com Sewell.

O objectivo é que a impressão que temos destas pessoas todas, e de todo o assalto, seja orientada pela ordem em que vemos os episódios. Com quem é que empatizamos mais, por quem torcemos, como é que ficamos a conhecer cada uma delas, etc. Cada modo de ver acaba por dar uma visão diferente da mesma história. Garcia tem dito isso em entrevistas. Também fala da inspiração para a série: em 2012, 70 mil milhões de obrigações ao portador sofreram uma inundação na cave da empresa financeira DTCC em Nova Iorque aquando da passagem do furacão Sandy pela cidade. Ao informar-se sobre isso, sentiu que seria o encobrimento perfeito para um assalto – na vida real, a DTCC diz que conseguiu recuperar 99% delas.

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