Palcos da semana: da novela de David Bruno à peça que Almodóvar inspirou

Tudo Sobre a Minha Mãe nas tábuas, David Bruno em digressão com Sangue & Mármore, Águeda a desenhar um ciclo, a Alemanha na Casa da Música e A Morte do Corvo em imersão num antigo hospital lisboeta.

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Tudo Sobre a Minha Mãe na adaptação de Daniel Gorjão e Teatro do Vão Estelle Valente
Créditos Renato Cruz Santos
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David Bruno entra em digressão com a audionovela Sangue & Mármore Renato Cruz Santos
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The Mud Flowers #2, de Pedro Cabrita Reis, é um dos muitos trabalhos expostos no ciclo O Desenho Como Pensamento João Ferrand
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Enno Poppe, artista em residência na Casa da Música num ano dedicado à Alemanha DR
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A peça imersiva A Morte do Corvo estreia-se no antigo Hospital Militar da Estrela Arlindo Camacho

Tudo sobre a força delas

A história é bem conhecida e até oscarizada. Escreveu-a Pedro Almodóvar para Tudo Sobre a Minha Mãe, o filme que realizou em 1999, comovente na transgressão e delicadeza com que abordava questões como o luto por um filho, a identidade de género ou a proposta de núcleos familiares alternativos ao tradicional – e cheio de força nas suas personagens femininas, em toda a amplitude que esta palavra pode encapsular.

Esse poder chega agora ao palco na versão de Samuel Adamson, traduzida por Hugo van der Ding e adaptada por Daniel Gorjão e o Teatro do Vão, para “dar palco e voz a temas que se encontram socialmente em discussão na agenda mediática”, refere a folha de sala. André Patrício, Catarina Wallenstein, Filipa Leão, Filipa Matta, Gaya de Medeiros, João Candeias Luís, João Sá Nogueira, Maria João Luís, Maria João Vicente, Sílvia Filipe e Teresa Tavares assumem as personagens.

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Tudo Sobre a Minha Mãe FREDERICO MARTINS

David Bruno a Sangue & Mármore

Se o som de David Bruno já era habitado por todo o tipo de personagens castiças (quase sempre de um Portugal real, avistado de Gaia, da aldeia dos avós ou de uma estação de serviço…), agora elas constroem toda uma narrativa. Tem toques de thriller, passa pelo Zoo de Santo Inácio e comete a originalidade de abraçar os lugares das vidas comuns. E ainda mete as vozes de Gisela João, Marlon Brandão e Rui Reininho na trama.

De luso-kitsch afinado nessa audionovela a que chamou Sangue & Mármore, criada quando a pandemia o pôs à janela, o músico sai à estrada no sábado, em Braga. Gaia (9 de Fevereiro), Guimarães (18), Barcelos (3 de Março) e Lisboa (15 de Abril) são as paragens seguintes.

Penso, logo desenho

Pedro Cabrita Reis lança ...Queres Que Te Faça Um Desenho?... Nuno Sousa Vieira mostra que Amanhã É Muito Tempo. Inês Teles debruça-se sobre Sensores, Partículas e Outros Compostos. É com estas exposições que se começa a esboçar em Águeda mais uma edição de um ciclo que privilegia o lugar do desenho no processo criativo.

Patentes até 22 de Fevereiro, são três entre as 21 mostras (18 individuais e três colectivas) que vão ser montadas em vários momentos, até 30 de Setembro, com lugar para obras de Ângela Ferreira, Vasco Araújo, Gabriela Albergaria, Carlos Garaicoa e Jorge Queiroz, entre muitos outros artistas. Comissariado por Alexandre Baptista, O Desenho Como Pensamento compreende ainda seis conversas alinhadas por temas como conservação, mercado, cinema, educação, moda e ciência.

O ano que vem da Alemanha

Na Casa da Música do Porto, onde cada ano costuma ter um país de honra (uma excepção foi 2022, dedicado ao Amor), está tudo a postos para música vinda da Alemanha. A inauguração da temporada faz-se com Made In Germany, um ciclo que funciona como cartão-de-visita para o que aí vem.

Os agrupamentos residentes prontificam-se para seis concertos repletos de peças representativas da diversidade da música germânica, venham elas do esplendor do barroco ou da visão contemporânea de compositores como Enno Poppe, o artista em residência.

Várias obras serão ouvidas pela primeira vez em Portugal. É o caso de Photoptosis, de Bernd Alois Zimmermann, interpretada pela sinfónica da casa no concerto de abertura, a par de Uma Vida de Herói, de Richard Strauss. Uma conferência/debate e um espectáculo da Ópera Isto! para famílias são outras propostas do ciclo.

Reconvertido por um corvo

O edifício onde antes funcionava o Hospital Militar da Estrela e, antes ainda, um convento beneditino, está convertido num espaço cultural chamado House of Neverless. O (primeiro) pano sobe com uma peça sem palavras nem fronteiras.

Saída da mente de Nuno Moreira – responsável pelo labiríntica E Morreram Felizes para Sempre, no Hospital Júlio de Matos, em 2015 –, A Morte do Corvo é uma experiência imersiva que chama o público a deambular livremente pelo local e a deixar-se envolver por uma produção com forte “componente musical e coreográfica” e “grande impacto visual, cénico e tecnológico”.

A trama centra-se numa relação ficcionada entre Fernando Pessoa e Edgar Allan Poe – este fatalmente invejoso da genialidade do poeta português. O percurso tem cerca de cem minutos, nove personagens e duas versões da história. A encenação é de Ana Padrão e Bruno Rodrigues.

A Morte do Corvo Arlindo Camacho
A Morte do Corvo Arlindo Camacho
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A Morte do Corvo Arlindo Camacho
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