Fundão celebra centenário de Eugénio de Andrade e desafia Governo a associar-se

Programa prolonga-se por todo o ano e inclui a construção de uma sala de leitura na aldeia onde o poeta nasceu, com desenho do arquitecto Álvaro Siza Vieira.

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Eugénio de Andrade morreu na sua casa, no Porto, em 2005, aos 82 anos MANUEL ROBERTO

A Câmara do Fundão vai celebrar o centenário de Eugénio de Andrade, que se assinala no dia 19 de Janeiro, e desafia o Ministério da Cultura a associar-se a esta comemoração, dado que até à data não foi anunciado nenhum programa nacional.

"Vamos enviar um ofício ao Ministério da Cultura a convidá-lo para dar o seu alto patrocínio às comemorações. Pretendemos, sobretudo, que se reforce a capacidade comunicacional e de valorização nacional da obra e da memória de Eugénio de Andrade", afirmou quinta-feira o presidente daquela autarquia do distrito de Castelo Branco, Paulo Fernandes.

O autarca falava na apresentação das comemorações que o município vai promover ao longo de todo o ano e que integram exposições, concertos, arte urbana, documentários, colóquios, debates, leituras e projectos de criação artística, bem como a construção de um espaço de raiz que será projectado pelo arquitecto Siza Vieira.

O programa cultural terá início a 19 Janeiro, data em que Eugénio de Andrade, que nasceu no concelho do Fundão, faria 100 anos. Morreu em 2005, aos 82.

Lembrando que está em causa um dos maiores poetas portugueses, Paulo Fernandes preferiu não se alongar em comentários pela falta de atenção que as estruturas governamentais parecem estar a dar a esta data, mas reiterou que ainda é possível o Estado associar-se ao programa e adiantou que a ideia já foi transmitida à Direcção Regional de Cultura do Centro.

Independentemente das respostas, o Fundão avançará com o programa que tem em construção e que integrará a criação de uma "sala de leitura", espaço que será projectado pelo arquitecto Siza Vieira e que vai ser construído na aldeia natal de Eugénio de Andrade, Póvoa de Atalaia.

"Será num terreno rural e vamos construir um edifício de raiz, bastante minimalista. É uma sala de leitura, que terá entre 40 a 50 metros quadrados. Não é um equipamento de centenas de metros, não é uma nova biblioteca, não é um centro interpretativo. É um espaço intimista, feito por um grande vulto e inspirado naquilo que é a poesia de Eugénio de Andrade", revelou. O lançamento da primeira pedra está previsto para Outubro.

O programa engloba outras acções, como a apresentação do projecto "Branco no Branco - Dicionário de 100 Imagens para 100 Palavras de Eugénio de Andrade", que foi concebido pelo atelier de arquitectura Espacialistas e pelo escritor Gonçalo M. Tavares.

Outro dos destaques passa pela exposição A Raiz das Palavras, realizada em 2003 e que retrata o percurso de Eugénio de Andrade através de poemas, capas de livros e imagens, numa escolha que foi feita pelo próprio Eugénio de Andrade.

Estão ainda agendados um concerto do Coro Infantil da Casa da Música do Porto, que interpretará um ciclo de canções com programa de Fernando Lopes-Graça sobre poemas de Eugénio de Andrade, bem como a exibição do documentário sobre Eugénio de Andrade da autoria de Arnaldo Saraiva, José Luís Carvalhosa e Diogo Colares Pereira.

O Festival Literário da Gardunha, que esteve suspenso durante alguns anos, será retomado no âmbito destas comemorações e terá várias iniciativas dedicadas à vida e obra de Eugénio de Andrade. Será ainda nesse contexto que vai ser apresentada a obra do maestro Luís Cipriano, composta a partir do poema É urgente o amor.

O programa integra ainda outras acções ao longo de todo o ano e várias iniciativas no plano da educação, que serão levadas a cabo com as escolas do concelho.

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