Inquérito do INE sobre origem da população e discriminação vai incluir mais de 35 mil pessoas

INE vai questionar população sobre características sociodemográficas, origem e pertença, discriminação, línguas faladas, habitação e rendimento.

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O presidente do Instituto Nacional de Estatística (INE), Francisco Lima JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

O Instituto Nacional de Estatística (INE) iniciou esta semana o Inquérito às Condições de Vida, Origens e Trajectórias da População Residente (ICOT). A recolha vai incluir mais de 35 mil pessoas e será feita através da Internet, por telefone ou presencialmente, de forma gradual. Até à manhã desta quinta-feira, antes da conferência de imprensa de apresentação do inquérito, tinham sido recebidas dez respostas, numa recolha que decorrerá até ao final de Maio. Os resultados da análise deverão ser conhecidos até ao final do ano.

Depois de, em 2019, o INE ter chumbado a proposta de incluir nos Censos 2021 uma pergunta sobre a origem étnico-racial da população, o ICOT sucede agora a um inquérito-piloto que serviu para avaliar a adesão da população às temáticas inquiridas. Além disso, analisaram-se também a adequação das perguntas e das opções de resposta, em particular sobre a origem étnica, assim como a avaliação da adequação dos modos de recolha.

Com dois módulos iniciais, o questionário inclui outros relativos às seguintes dimensões: características sociodemográficas; origem e pertença; discriminação; línguas faladas; habitação e rendimento.

Durante a conferência de imprensa, que decorreu na sede do INE em Lisboa, o presidente, Francisco Lima, apelou à resposta da população, que disse ser “essencial”. “Até onde podemos ir em detalhe tem que ver com esta taxa de resposta. Se ela não for elevada, não conseguimos”, realçou, ao mesmo tempo que lembrou que, “se não houver respostas, não há informação”.

No total vão ser enviadas 35.035 cartas, para todo o território nacional, com os códigos para realizar o inquérito. A resposta é por alojamento, sendo seleccionada a última pessoa a fazer anos para responder. Por enquanto, 265 entrevistadores vão apoiar a operação no terreno.

O ICOT está feito em português e inglês, mas pode ser traduzido noutros dez idiomas a pedido dos entrevistados (árabe, bengali, francês, hindi, italiano, mandarim, nepalês, romeno, russo ou ucraniano).

No módulo relativo à discriminação incluem-se questões para perceber não só a discriminação sentida, mas também a percebida no contexto nacional – isto é, são colocadas perguntas sobre se o sujeito já se sentiu discriminado em Portugal, o contexto e local e também se considera que existam casos de discriminação no país com base na origem étnica das pessoas, por exemplo, e qual a frequência (inexistente, muito rara ou muito frequente, entre outras).

“É um questionário inédito, inovador mesmo em termos europeus. Ter um inquérito com questões sobre a percepção da discriminação”, sublinhou o presidente do INE.

Ainda nesta temática são também enumeradas razões possíveis para que o respondente se tenha sentido discriminado, tais como: incapacidade/problema de saúde; opiniões políticas; grupo étnico; religião ou crenças religiosas; território de origem; cor da pele; orientação sexual; escolaridade; idade; sexo; situação económica/condição social.

Já no grupo de auto-identificação do ponto de vista étnico (módulo sobre a origem e pertença) são apresentadas opções, entre as quais o inquirido pode escolher uma ou várias, como asiático, branco, cigano, negro, origem ou pertença mista, ou outro. Há ainda a possibilidade de não responder neste caso de questões “que se referem a categorias especiais de dados pessoais”.

Dos vários módulos constam ainda perguntas relativas à família, escolaridade, trabalho, nacionalidade, naturalidade e escolaridade dos pais, religião, línguas faladas em casa, com a família, aprendizagem do português, condições habitacionais, rendimento, entre outras.

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