ONG venezuelana procura padrinhos portugueses para apoiar crianças em risco

Programa consiste em “apadrinhar uma criança como afilhado, ajudar no sustento e visitá-la periodicamente”. A associação tem cinco lares em San Bernardino, Caracas, onde acolhem dezenas de crianças.

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Associação venezuelana Hogares Bambi foi fundada há mais de 26 anos Reuters/PAVLO PALAMARCHUK

Fundada há mais de 26 anos e conhecidos pela atenção que presta aos mais novos, a associação Hogares Bambi procura “padrinhos portugueses” para ajudar a garantir um futuro digno para crianças venezuelanas em situação de risco.

“Um pouco antes da pandemia (da covid-19), as coisas já se tinham complicado, ficando difíceis por causa da crise que estamos a atravessar (…) A Bambi é uma instituição que exige muito de nós porque tentamos dar a estas crianças tudo o que elas precisam”, explicou a directora de relações institucionais e angariação à agência Lusa.

Maria Alexandra Muñoz-Tébar sublinhou que a associação tem cinco lares em San Bernardino, Caracas, onde acolhem crianças que “estão vacinadas, têm educação privada” e outras coisas “que não teriam em casa se não fosse pela ajuda que lhes damos”.

“Eles recebem as suas refeições (diárias), têm tido formação, mas tem ficado muito difícil para nós, para as pessoas e instituições que nos ajudam na Venezuela por causa da crise. Por isso, nos últimos anos, voltamo-nos para as pessoas do estrangeiro. É com a ajuda delas que estamos hoje a sobreviver e a dar a estas pequenas crianças tudo o que elas merecem”, disse.

“Estamos à procura de pessoas da comunidade portuguesa para que nos possa ajudar”. “Que venham, que nos conheçam, que vejam o que fazemos, como o fazemos, e vão partir apaixonados e com vontade de nos ajudar, com o coração sensibilizado, sabendo como é fácil ajudar”, referiu ainda a directora.

Muñoz-Tébar sublinhou que têm “um belo programa” que se chama "Padrinho" e que consiste em “apadrinhar uma criança como afilhado, ajudar no seu sustento e visitá-la periodicamente”.

“O que muitas das nossas crianças precisam é de amor, que o seu padrinho venha e lhes dê um abraço, que lhes ligue no aniversário, e isso é tão valioso para nós como a contribuição económica que esse padrinho possa dar”, explicou.

Bebés com 24 horas de vida

O apelo de Muñoz-Tébar vai também para a Embaixada de Portugal na Venezuela. “Quando as pessoas sabem da nossa existência, do que fazemos, ajudam-nos porque vêem a qualidade do que fazemos (…). A Bambi tem uma mais-valia que é a transparência. Sempre que quiserem podem vir e ver onde está a ajuda que nos dão, seja em bens alimentares ou em dinheiro”, disse.

“Temos tido bebés que chegaram com 24 horas de vida, que foram abandonados nos hospitais, deixados na rua, à porta de uma igreja, ou mesmo às portas da nossa instituição”, referiu, precisando que acolhem 130 crianças nos cinco lares.

Segundo Dayany Sanchez os lares contam com “uma equipa multidisciplinar composta por assistentes sociais, educadores, médicos e psicopedagogos, que se dedicam a restaurar estes direitos abrangentes, principalmente baseados no amor e no afecto”.

As crianças chegam referenciadas pelos organismos competentes, conselhos de protecção, conselhos municipais e tribunais de protecção e o objectivo final é que possam voltar a integrar as suas famílias, que recebem também atenção e são canalizadas para programas distintos.

“Temos um programa de colocação familiar e também oferecemos orientação em temas relacionados com a adopção”, frisou, sublinhando que as crianças recebem formação em “ferramentas para a vida, formação académica, universitária, técnica e profissional”.

Da direcção da Bambi também faz parte, há mais de 20 anos, Federica Vinaccia. Começou como voluntária quando a associação tinha apenas um lar e está cada vez mais “enamorada” com o que fazem.

“São tempos complicados para conseguir recursos. Muitas coisas mudaram e as crianças chegam em situações ainda mais difíceis, necessitando de operações, hospitalizações, e nós cobrimos todas essas necessidades”, disse à Lusa.

Orgulhosa, Federica diz que é também “avó Bambi”, de raparigas que cresceram naqueles lares e que agora têm filhos, e que continuam a telefonar-lhe no Dia da Mãe e de aniversário.

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