Israel pode atacar Irão dentro de “dois ou três anos”

Afirmação foi feita pelo ministro da Defesa israelita em discurso a pilotos da Força Aérea recém-formados.

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Exercícios militar dos Guardas da Revolução em zonas perto da central nuclear de Bushehr, no Sul do Irão EPA/HOSEPAHNEWS / IRGC HANDOUT

Israel pode levar a cabo um ataque contra o Irão “dentro de dois ou três anos”, disse o ministro da Defesa israelita, Benny Gantz, num comentário pouco habitual por ter sido explícito em relação a um possível prazo.

Com os esforços internacionais para renovar um acordo internacional nuclear de 2015 essencialmente parados, e com menos hipóteses de sucesso por causa também da repressão levada a cabo pelo regime iraniano contra manifestantes, as autoridades de Teerão aumentaram o enriquecimento de urânio, numa acção que permite chegar cada vez mais perto do grau de enriquecimento necessário para uma arma atómica – que o regime diz não procurar, garantindo que produz o urânio apenas para fins apenas civis.

No entanto, ter uma ogiva que possa ser transportada até a um alvo ainda vai demorar alguns anos, dizem vários peritos.

“Dentro de dois ou três anos, podem estar a atravessar os céus para leste e a fazer parte de um ataque contra locais de produção nuclear no Irão”, disse Gantz num discurso a pilotos recém-formados da Força Aérea.

Durante mais de uma década, Israel tem lançado ameaças veladas de ataques contra as instalações nucleares do arqui-inimigo iraniano, sempre que considera que a diplomacia dos poderes mundiais atingiu um impasse.

Mas vários peritos questionam se Israel tem poder para causar danos profundos em alvos que estão distantes, dispersos e bem defendidos.

A previsão da espionagem militar de Israel para 2023 é que o Irão “continue o seu caminho de progresso lento” no domínio nuclear, segundo a edição de domingo do jornal Israel Hayom.

“O Irão apenas irá alterar a sua política se lhe forem impostas sanções extremas, então poderá decidir acelerar o enriquecimento para nível militar.”

Sob uma política de ambiguidade nuclear que tem o objectivo de dissuadir ataques dos vizinhos, mas evitar levar a uma corrida às armas atómicas, Israel não confirma nem nega que tenha armas nucleares. Vários académicos acham que o país tem este tipo de armas, tendo adquirido a primeira bomba no final de 1966.

Ao contrário do Irão, Israel não é signatário do Tratado de Não-Proliferação de 1970, que dá acesso a tecnologia para um programa nuclear civil em troca de um compromisso de que não haverá lugar a uma vertente militar do programa atómico. Neste acordo estão previstas inspecções e monitorização, a cargo da Agência Internacional de Energia Atómica, que não estão de momento a ser levadas a cabo.

Israel tem sido visto como suspeito de acções de sabotagem do programa nuclear do Irão e assassínios de cientistas ou responsáveis do programa atómico. O Estado hebraico teme ainda que a cooperação entre o Irão e a Rússia na guerra da Ucrânia, em que Teerão tem fornecido drones a Moscovo, leve a que os iranianos tenham acesso a mísseis hipersónicos russos.

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