Dez meses depois, apoio mundial à Ucrânia ascende a cem mil milhões de euros

EUA e União Europeia são as principais fontes de assistência financeira à Ucrânia desde o início da invasão russa. Portugal contribuiu directamente com 300 milhões.

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A maior fatia do apoio dos EUA é proveniente de ajuda militar Reuters/INTS KALNINS

Com a guerra na Ucrânia a chegar à marca dos dez meses, coincidindo com a chegada do Inverno e com os receios de um agravamento das condições de vida da população, a assistência às autoridades de Kiev para resistir à invasão tem reunido particular atenção.

Entre apoio financeiro, militar e humanitário, a Ucrânia já recebeu dos seus aliados mais de cem mil milhões de euros, de acordo com os dados recolhidos pelo Instituto Kiel para a Economia Mundial, um think tank alemão. As informações mais recentes incidem sobre o período entre 24 de Janeiro – um mês antes do início da invasão russa – e 20 de Novembro.

O valor total da assistência à Ucrânia corresponde a menos de metade dos gastos que o Qatar teve para construir ao longo de uma década toda a infra-estrutura do Campeonato do Mundo da FIFA deste ano.

Os EUA destacam-se como os principais doadores de ajuda à Ucrânia, com 47,8 mil milhões de euros já gastos com o apoio ao esforço de guerra do país. A maior fatia do apoio é proveniente de ajuda militar (quase 23 mil milhões de euros), fazendo de Washington o maior contribuinte neste capítulo. Recentemente, os EUA comprometeram-se a reforçar esse apoio com o envio de sistemas de defesa antiaérea Patriot, considerados os mais avançados tecnologicamente no arsenal norte-americano.

O Senado dos EUA aprovou esta semana um pacote que contempla mais 47 mil milhões de euros de ajuda adicional à Ucrânia para os próximos meses.

Atrás dos EUA, estão as instituições da União Europeia, tais como a Comissão Europeia, o Conselho Europeu, ou o Banco Europeu de Investimento, que apoiaram a Ucrânia com 35 mil milhões de euros, na sua esmagadora maioria através de ajuda financeira (apenas 3,1 mil milhões correspondem a ajuda militar). Juntando o apoio bilateral dos Estados-membros da UE, o valor total do bloco europeu chega aos 51,8 mil milhões de euros.

Os autores do estudo realçam o aumento recente das contribuições feitas pela UE e pelos seus Estados-membros de forma bilateral, que no seu conjunto superam o valor do apoio dado por Washington. “Até agora, o apoio da UE à Ucrânia desde o início da guerra ficou sempre atrás do que foi dado pelos EUA. Isto mudou nas últimas semanas, dado que o valor total dos compromissos da UE agora supera o dos EUA”, disse o chefe da equipa do Instituto Kiel, Christoph Trebesch, numa nota do início de Dezembro. “Os novos compromissos de grande dimensão são um desenvolvimento positivo, tendo em consideração o papel crucial desta guerra para a segurança europeia”, acrescentou.

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O terceiro maior contribuinte para o esforço de guerra ucraniano é o Reino Unido, com sete mil milhões de euros.

Portugal aparece junto de um grupo de países europeus com uma contribuição em torno de 300 milhões de euros, quase na sua totalidade feita através de assistência financeira bilateral. O Governo português também contribuiu através de financiamento por via da UE com 500 milhões de euros. Porém, Portugal é dos países que apresentam menor transparência na divulgação das ajudas à Ucrânia, com 1,3 numa escala de 0 a 5 do índice desenhado pelo Instituto Kiel.

O cálculo do peso da ajuda dada à Ucrânia, tendo em conta as economias de cada país, mostra que Estónia e Letónia são os dois países que têm mobilizado mais recursos em termos relativos, com assistência bilateral que corresponde a 1,1% e 0,9% do PIB nacional, respectivamente.

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