Costa foi ao jantar de Natal do PS “provar” que “não está cansado”

“Quando os portugueses nos deram o mandato, deram-nos para que o executássemos sabendo que toda a vida política tem a incerteza como um elemento permanente da realidade”, afirmou o primeiro-ministro.

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Carlos César, Augusto Santos Silva, António Costa e Eurico Brilhante Dias no jantar de Natal do grupo parlamentar do PS LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

António Costa, primeiro-ministro, aproveitou o jantar de Natal do grupo parlamentar do PS para relembrar as diferentes propostas do PS, realçando o “compromisso” com o eleitorado. Após elencá-las — e foram muitas, entre as aprovadas e as por aprovar —, rematou: “Já provei que não estou cansado.” Eurico Brilhante Dias, líder da bancada parlamentar socialista, e Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República, também discursaram.

A sala de jantar estava cheia. Mais cheia do que o costume, para júbilo declarado dos socialistas. “É bom sinal que a sala onde habitualmente realizamos o jantar tenha sido pequena para o número de deputados e deputadas do PS”, disse António Costa, numa referência à maioria absoluta conquistada em Janeiro.

Seguiu-se o discurso, marcado por um constante realçar de noção do “compromisso” que o Governo tem para com os portugueses. E esse “compromisso” — apesar da guerra na Ucrânia e da inflação, enumerou — “tem sido assumido”.

“Quando os portugueses nos deram o mandato, deram-nos para que o executássemos sabendo que toda a vida política tem a incerteza como um elemento permanente da realidade”, afirmou, referindo-se à guerra na Ucrânia e à inflação.

Após notar a resistência da acção do Governo apesar das adversidades, o primeiro-ministro destacou algumas bandeiras, como a “democratização do acesso ao Ensino Superior” ou a “descarbonização da indústria”. Seguiram-se alguns objectivos para o futuro — como a “descentralização” e o combate à “precariedade dos jovens” — e terminou notando ter “provado que não está cansado”.

Durante o discurso, avisou que não vive em ansiedade de fazer tudo logo num ano.

"Estamos cá para cumprir um programa que apresentámos para quatro anos e não vivemos na ansiedade de cumprir no primeiro ano tudo aquilo que temos para cumprir ao longo da legislatura", declarou.

Destacou, também, o acordo de rendimentos e de competitividade alcançado em sede de concertação social, o acordo com sindicatos para a evolução salarial na função pública até 2026, os acordos de descentralização de competências para os municípios nas áreas da saúde, educação e sector social, e o entendimento de princípio com o PSD sobre os critérios para a escolha da localização do novo aeroporto da região de Lisboa.

Mais do que dez milhões

Antes do primeiro-ministro, discursaram Eurico Brilhante Dias e Augusto Santos Silva. O primeiro destacou o diálogo com a oposição, notando que o partido tem feito "tricô contínuo" com os partidos da oposição para conseguir aprovar e melhorar legislação no Parlamento dando como exemplo o texto final sobre a morte medicamente assistida sem se desviar da "matriz programática que os portugueses quiseram".

Já Augusto Santos Silva notou a "responsabilidade" de corresponder à população portuguesa, que, observou, não se limita aos 10 milhões que vivem no país.

"Temos uma enorme responsabilidade em corresponder a essa confiança que os portugueses nos deram, não apenas os nossos eleitores, mas todos os portugueses que, recordo, são dez milhões e 300 mil pessoas a viver em Portugal das quais são 700 mil estrangeiros que fazem parte também da nossa comunidade. Mais dois milhões e 200 mil portadores de cartão de cidadão português que vivem no estrangeiro", salientou.

Além disso, o presidente da Assembleia da República salientou que a legislação deve acompanhar a transformação do país, nomeadamente na agenda dos costumes, e "não travá-la com preconceitos" morais ou ideológicos.

"Não se deixem encantar pela aquela litania das reformas estruturais e pensem antes na mudança estrutural que o país tem. Algumas vezes somos nós que temos que acompanhar a transformação do país, designadamente na agenda dos costumes e em outras áreas essenciais que têm a ver com os Direitos Humanos e em que a sociedade portuguesa mudou e está a mudar e em que a legislação tem que acompanhar essa mudança, não travá-la com preconceitos de natureza moral ou ideológica", considerou.

Os discursos aconteceram no habitual jantar de natal do grupo parlamentar do PS, que decorreu esta quinta-feira no Restaurante Zambeze, em Lisboa.

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