Coreia do Sul

A dias do Natal, o silêncio domina bairro de Seul onde o Halloween foi um pesadelo

O popular bairro de diversão nocturna de Itaewon, na Coreia do Sul, parece este ano uma cidade fantasma. "As pessoas ainda estão de luto", diz uma moradora.

Um homem caminha numa rua vazia de Itaewon, em Seul, na Coreia do Sul Reuters/KIM HONG-JI
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Um homem caminha numa rua vazia de Itaewon, em Seul, na Coreia do Sul Reuters/KIM HONG-JI

Normalmente reluzente e agitado na época festiva, o popular bairro de diversão nocturna de Itaewon, na Coreia do Sul, parece este ano uma cidade fantasma. Com a população ainda a chorar os 158 mortos espezinhados e sufocados por uma multidão no Halloween, as festividades vão para outros lugares.

Muitos restaurantes e lojas de Itaewon estão enfeitados com árvores de Natal e outros ornamentos, mas os becos que albergam as discotecas e bares mais famosos do bairro, e que eram o centro da diversão na noite de 29 de Outubro, estão agora notoriamente silenciosos.

Onde normalmente haveria azáfama, agora há notas e cartazes nas paredes, expressando condolências – lembrando as vítimas, na sua maioria com idades entre os 20 e os 30 anos, que tinham estado entre os milhares que deslocaram a Itaewon para aproveitar as primeiras festas de Halloween praticamente sem restrições em três anos.

O incidente provocou ainda 196 feridos entre a multidão que se empurrava em direcção a um cruzamento.

"Itaewon era um lugar para festas de Natal, com muitas decorações na rua, mas tornou-se muito silencioso e sombrio", disse à Reuters Lee Jun-hee, moradora.

Outra residente, Kim Kyeong-nyeon, de 65 anos, disse que algumas empresas em Itaewon estavam a tentar abrilhantar o ambiente natalício, mas para ela é demasiado cedo. "As pessoas ainda estão de luto. Talvez precisemos de mais tempo", explicou.

O gerente de um restaurante de hambúrgueres local também confirmou que o negócio ainda sofre com o desastre, tal como outros restaurantes e bares próximos.

"Agora temos muito poucos clientes a chegar, e as ruas estão em silêncio", disse, pedindo para não ser identificado. "Ainda não é Natal, mas acho que o Natal não vai ser muito diferente".

O Ministério das Finanças disse na sexta-feira que as vendas em três grandes armazéns tinham abrandado no mês passado. E identificou a tragédia como um factor por detrás disso. Muitas pessoas procuram outros locais para sentir o espírito natalício, tais como o tradicional bairro turístico de Myeongdong, onde os grandes armazéns Shinsegae e Lotte já apresentaram, como habitualmente, as suas enormes e vibrantes decorações festivas.

Para prevenir acidentes, a polícia criou barreiras em áreas de observação perto das lojas, de forma a controlar as multidões. O Governo da cidade de Seul tem agora uma equipa para gerir grandes ajuntamentos de pessoas.

"Isto faz lembrar constantemente a tragédia", disse Jeon Ye-hyang, de 25 anos, morador em Myeongdong, olhando para as áreas de observação. "Pode significar que este ano não poderemos desfrutar plenamente da atmosfera natalícia."

Uma mulher fuma um cigarro numa rua vazia de Itaewon, perto de onde aconteceu o mortífero esmagamento de Halloween que matou mais de 150 pessoas, em Seul, na Coreia do Sul
Uma mulher fuma um cigarro numa rua vazia de Itaewon, perto de onde aconteceu o mortífero esmagamento de Halloween que matou mais de 150 pessoas, em Seul, na Coreia do Sul Reuters/KIM HONG-JI
Uma mulher reza enquanto lê mensagens de condolências afixadas na parede de um estreito beco de Itaewon, em Seul, na Coreia do Sul
Uma mulher reza enquanto lê mensagens de condolências afixadas na parede de um estreito beco de Itaewon, em Seul, na Coreia do Sul Reuters/KIM HONG-JI
Um pub vazio em Itaewon, em Seul, na Coreia do Sul
Um pub vazio em Itaewon, em Seul, na Coreia do Sul Reuters/KIM HONG-JI
Uma mulher reza enquanto lê mensagens de condolências afixadas na parede de um estreito beco de Itaewon, em Seul, na Coreia do Sul
Uma mulher reza enquanto lê mensagens de condolências afixadas na parede de um estreito beco de Itaewon, em Seul, na Coreia do Sul Reuters/KIM HONG-JI
Várias pessoas lêem as mensagens de condolências afixadas nas paredes de um estreito beco de Itaewon, em Seul, na Coreia do Sul
Várias pessoas lêem as mensagens de condolências afixadas nas paredes de um estreito beco de Itaewon, em Seul, na Coreia do Sul Reuters/KIM HONG-JI
Nam In-seok, proprietário de uma loja de roupa situada no local da tragédia do Halloween que matou mais de 150 pessoas, em Seul, na Coreia do Sul
Nam In-seok, proprietário de uma loja de roupa situada no local da tragédia do Halloween que matou mais de 150 pessoas, em Seul, na Coreia do Sul Reuters/KIM HONG-JI
Mensagens de condolências afixadas nas paredes de um estreito beco de Itaewon, em Seul, na Coreia do Sul
Mensagens de condolências afixadas nas paredes de um estreito beco de Itaewon, em Seul, na Coreia do Sul Reuters/KIM HONG-JI
Um pub vazio com decorações de Natal em Itaewon, Seul, na Coreia do Sul
Um pub vazio com decorações de Natal em Itaewon, Seul, na Coreia do Sul Reuters/KIM HONG-JI