Socialistas criticam Costa: do “Marquês de Pimbal” à “maioria em declínio”

Depois do ex-ministro Siza Vieira, a ex-ministra Alexandra Leitão e a candidata presidencial Ana Gomes manifestaram incómodo com a última entrevista do primeiro-ministro.

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António Costa causou desconforto em alguns socialistas LUSA/RODRIGO ANTUNES

Há uma tónica comum nas críticas que os socialistas residentes em programas de comentário político têm feito à entrevista de António Costa à revista Visão na semana passada, relativas à atitude do primeiro-ministro. O antigo ministro e amigo Siza Vieira chamou-lhe “húbris”, a deputada e ex-ministra Alexandra Leitão revela a sua desilusão e desconforto e a antiga eurodeputada Ana Gomes ficou com a “sensação de que o primeiro-ministro já se acha grande demais para este país”.

“A fotografia na capa da Visão é assim uma postura… não diria de Marquês de Pombal, mas Marquês de Pimbal, porque reformas, zero – reformas que bem precisávamos”, disse a candidata presidencial no seu habitual comentário semanal da SIC Notícias, na noite de domingo. E critica António Costa pela “forma como diz aquele ‘habituem-se’”, considerando que “não é apenas para a bolha política mediática que ele acusa de estar a criar casos, é para todos nós”.

Mais contida nas palavras, mas também crítica, é Alexandra Leitão. “Causou-me algum desconforto”, confessou a ex-ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, sublinhando que “não foi uma questão de tom”, disse no programa da TSF O Princípio da Incerteza, depois de António Lobo Xavier ter dito que isto é próprio das maiorias absolutas em declínio: “Foi isso que me causou desconforto.”

“É que esta maioria absoluta está no início e eu quero que não seja uma maioria absoluta em declínio. O que me custou foi ver um déjà vu relativamente a outras maiorias absolutas, até com repetição de algumas das palavras utilizadas noutras maiorias absolutas, e desta maioria – que apoiei e apoio – esperava uma outra abertura, um outro diálogo, diálogo esse que deve ser na dimensão da sociedade, concertação social, com os parceiros, mas também deve ser no Parlamento”, disse a deputada.

Outra posição revelou João Soares no Telejornal da RTP, no domingo à noite. O ex-deputado e antigo presidente da Câmara de Lisboa considerou que “a entrevista foi boa”, não viu “nenhuma gaffe” e que “não há nenhuma indelicadeza em relação à Iniciativa Liberal”, acrescentando que também usa aquela expressão – “queques” – e sublinhando que também os há na esquerda.

Só a fotografia de capa era “péssima”, mas Soares frisou que isso é escolha da revista e que “o primeiro-ministro não merecia”.

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