Edgar Pêra, Alexander David, Mónica Lima e André Gil Mata em estreia no Festival de Roterdão

Os quatro filmes foram seleccionados para a competição da 51.ª edição do festival, que decorre de 25 de Janeiro a 5 de Fevereiro. Mas há mais quatro produções nacionais fora de concurso.

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Não sou Nada: Edgar Pêra em território pessoano DR
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A Primeira Idade, de Alexander David DR
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Pátio do Carrasco, de André Gil Mata DR
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Natureza Humana, de Mónica Lima DR

Quatro novos filmes portugueses estarão em competição na 51.ª edição do Festival de Roterdão, a decorrer entre 25 de Janeiro e 5 de Fevereiro. São eles a mais recente longa-metragem de Edgar Pêra, Não Sou Nada; a estreia na realização do actor Alexander David, A Primeira Idade; e curtas-metragens de Mónica Lima, Natureza Humana, e André Gil Mata, Pátio do Carrasco.

O festival dos Países Baixos, que regressa finalmente às salas após dois anos de interregno ditado pela pandemia, deu em 2022 um dos prémios máximos da competição de curtas a Tornar-se Homem na Idade Média, de Pedro Neves Marques; dois anos antes, concedera a Mosquito, de João Nuno Pinto, honras de abertura oficial.

É precisamente na competição paralela Big Screen, onde Mosquito esteve incluído, que compete Não Sou Nada – The Nothingness Club, descrito como um “thriller psicológico surreal” à volta dos heterónimos de Fernando Pessoa, com Miguel Borges no papel do poeta e Victoria Guerra como a “musa” Ofélia.

Com produção da Bando à Parte, de Rodrigo Areias, no qual Edgar Pêra encontrou um produtor à altura dos seus projectos, esta será a única longa portuguesa a concurso em Roterdão, festival que tem sempre dado especial atenção ao cineasta (recordamos a extensa retrospectiva de carreira que lhe foi dedicada em 2019).

A outra longa-metragem portuguesa a concurso, na secção paralela Bright Future, destinada a primeiras obras, é A Primeira Idade, ambientada num mundo habitado por crianças que não falam. Produzido pela Primeira Idade (estrutura responsável por A Metamorfose dos Pássaros, de Catarina Vasconcelos, ou Sortes, de Mónica Martins Nunes), o filme marca a estreia na realização de Alexander David, actor que vimos em filmes de João Pedro Rodrigues ou Gabriel Abrantes.

Já na competição de curtas Ammodo Tiger Shorts, haverá Natureza Humana, de Mónica Lima, com Crista Alfaiate e João Vicente no papel de um casal que questiona o seu desejo de ter um filho em tempos de confinamento (co-produção Uma Pedra no Sapato com a Alemanha), e Pátio do Carrasco, média-metragem (45 minutos) de André Gil Mata, rodada em 16 milímetros e inspirada por um romance do Nobel da Literatura bósnio Ivo Andric e por um conto de Franz Kafka (produção Primeira Idade).

Trata-se do primeiro filme de Gil Mata desde a sua terceira longa-metragem, A Árvore, estreada no Festival de Berlim de 2018 (a sua próxima longa, Sob a Chama da Candeia, está já em pós-produção); quanto a Mónica Lima, Natureza Humana é a sua quarta curta.

Fora de concurso, haverá quatro outros títulos portugueses na selecção 2023 de Roterdão. Fogo-Fátuo, de João Pedro Rodrigues, terá a sua estreia holandesa na secção paralela Harbour, ao lado de filmes como Pacifiction, de Albert Serra, Safe Place, do croata Juraj Lerotic (um dos vencedores de Locarno 2022), É Noite na América, da brasileira Ana Vaz (que inspirou uma exposição recentemente vista na Escola das Artes da Universidade Católica do Porto), ou A Longa Viagem do Ônibus Amarelo, onde o brasileiro Júlio Bressane realiza, com Rodrigo Lima, uma longa (re)montagem de material da sua obra de seis décadas com a duração total de oito horas.

Na secção Short and Mid-Length, mostra não competitiva de formatos curtos, serão apresentados mais dois títulos de produção portuguesa em estreia mundial. Why Are You Image Plus? é a sexta curta de Diogo Baldaia, o jovem autor de Miragem Meus Putos e Destiny Deluxe. E Mama Dan So Que Sorriso foi realizada em Portugal pela camaronesa Cyrielle Raingou ao abrigo do mestrado de documentário DocNomads (sendo que a primeira longa da realizadora, Le Spectre de Boko Haram, faz este ano parte da competição principal do certame). Finalmente, na secção de retrospectivas e reportório Cinema Regained, será exibida a curta FlyByKathy, de Pedro Bastos.

Roterdão receberá ainda o cineasta e artista multimédia britânico Steve McQueen com a instalação inédita Sunshine State, comissariada pelo festival pelo seu 50.º aniversário, e que estará patente ao público de 26 de Janeiro a 12 de Fevereiro no centro de artes Depot.

O festival inaugura a 25 de Janeiro com a estreia mundial da “biografia experimental” do pintor Edvard Munch pelo dinamarquês Henrik Martin Dahlsbakken e encerra a 5 de Fevereiro com All India Rank, do indiano Varun Grover.

A Índia é aliás um dos países em foco nesta edição do certame, sob o genérico The Shape of Things to Come, exibindo seis filmes (cinco documentários e uma ficção) que levam em conta o conturbado momento político do enorme subcontinente.

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