Monarquia britânica imune a Harry & Meghan, apontam sondagens

Os duques de Sussex, que já estiveram no pódio da popularidade, ocupam actualmente os lugares do fim da tabela. E a “tempestade numa chávena de chá” que criaram não deverá afectar a família.

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Harry já esteve entre os preferidos do público britânico Reuters/PIROSCHKA VAN DE WOUW/arquivo

"A chegada [de Meghan à família real] foi uma fonte de enorme esperança para pessoas negras, e também para os mais jovens. A sua partida é vista como um fracasso e uma traição, e isso é imensamente prejudicial para a monarquia; porque a monarquia precisa de consenso para sobreviver. Precisa de apoio para sobreviver, e está a perdê-lo".

A opinião que Catherine Mayer, autora da biografia Charles: Heart of a King (2015), partilhou com a Reuters não está em linha com as mais recentes sondagens de opinião.

Na semana passada, com a estreia da série documental Harry & Meghan, foi realizada uma sondagem pela YouGov, que coloca o casal no fim da lista dos mais populares. Atrás deles, apenas o príncipe André (com uma popularidade negativa de 79 pontos), que foi acusado de abuso sexual de menores nos EUA, tendo resolvido o processo com um acordo extrajudicial.

Apenas um terço dos britânicos tem agora uma visão positiva de Harry. Com uma popularidade negativa de 26 pontos, o príncipe, que chegou a ser o mais acarinhado pelos ingleses, caiu 13 pontos desde o mês anterior. Já Meghan, que chegou a ser mais popular que a rainha Isabel II, tem o apoio de apenas 25% das pessoas inquiridas e a sua popularidade é de 39 pontos abaixo de zero.

Em contraciclo estão William e Kate. Não obstante o facto de não serem retratados da melhor forma na série, os príncipes de Gales são os monarcas mais populares, com 62 e 57 pontos, respectivamente. Uma curiosidade: a princesa Ana está à frente do irmão, o rei Carlos III, e da rainha consorte, Camila.

De qualquer das maneiras, esta ameaça não é nova para a família real. E, se da primeira vez terá tremido, agora escolhe uma postura de “sorrir e acenar”. Afinal, diz-lhe a experiência, poderá ser o que a manterá sã e salva.

No início dos anos 90 do século passado, o fim do casamento de Carlos com a sua primeira mulher, a mãe de Harry, a falecida princesa Diana, foi explorado até ao limite pelos meios de comunicação social.

De tal maneira que, após as acusações públicas de Diana contra a família real e a sua morte em 1997, o futuro da instituição com mil anos parecia por vezes incerto. Mas recuperou para se tornar mais popular do que nunca, com Harry e o seu irmão William como cabeças-de-cartaz.

Segundo Harry, o que fez com que a família não os ajudasse foi a popularidade de Meghan, que terá roubado as luzes da ribalta aos que "nasceram para isto" — uma crítica pouco subtil ao seu irmão e ao seu pai.

Se a declaração de Harry de que estavam a ser criadas e dadas à imprensa histórias negativas contra si e Meghan se provasse verdadeira — uma acusação rejeitada tanto pelos jornais como pelos assistentes que trabalhavam nos gabinetes de relações públicas —, a campanha dos duques de Sussex talvez pudesse vir a ser bem-sucedida.

Mas uma pesquisa da Savanta apurou que 59% dos inquiridos na Grã-Bretanha considera o documentário como uma má ideia de Harry e Meghan, com metade a dizer que não confia que o programa seja um relato exacto da experiência do casal.

"Pessoalmente, não creio que [a série] vá causar danos duradouros à monarquia", disse a biógrafa real Claudia Joseph, citada pela Reuters.

"Penso que as pessoas que são monárquicas continuarão a ser monárquicas e verão isto como Meghan e Harry a atirarem, mais uma vez, os seus brinquedos para fora do carrinho, e as pessoas que são republicanas continuarão a ser republicanas e culparão a família real pela forma como trataram Harry e Meghan."

Ou, como disse na quinta-feira, Tarek Hilal, uma residente em Londres, de 45 anos: "A longo prazo, simplesmente não fará diferença. É uma tempestade numa chávena de chá".

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