Tribunal turco condena presidente da Câmara de Istambul a pena de prisão

Ekrem Imamoglu, visto como um potencial concorrente contra o Presidente, Recep Tayyip Erdogan, nas eleições do próximo ano, recusa o veredicto.

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Ekrem Imamoglu continuou a trabalhar no seu gabinete na Câmara de Istambul no dia do veredicto UMIT BEKTAS/Reuters

Um tribunal de Istambul condenou esta quarta-feira o presidente da câmara da cidade, Ekrem Imamoglu, a uma pena de dois anos e sete meses de prisão, e ainda uma inabilitação política, a cerca de seis meses das eleições no país.

A oposição não decidiu ainda um candidato para as eleições legislativas e presidenciais do próximo ano, mas Imamoglu vinha a ser considerado um potencial forte concorrente contra o Presidente, Recep Tayyip Erdogan.

A condenação “reflecte o estado” do país, disse Imamoglu, que continuou a trabalhar no seu gabinete depois de saber do veredicto. “Uma meia dúzia destas pessoas não pode tirar a autoridades dada pelo povo. A nossa luta está a começar a ficar ainda mais forte, deus o permita”, disse num vídeo. Algumas centenas de apoiantes de Imamoglu juntaram-se, depois de um apelo do presidente da câmara feito no Twitter, junto do edifício da câmara para mostrar o seu apoio. “Verdade, lei, justiça”, gritaram.

O especialista em direito penal Timucin Koprulu, da Universidade Atilim em Ancara, explicou à Reuters que a decisão não é ainda definitiva. “A sentença será final apenas depois de o tribunal superior decidir se a mantém ou não”, sublinhou. “Nestas circunstâncias, seria errado dizer que a inabilitação política está em vigor.”

Imamoglu, do CHP (Partido Republicano do Povo), foi julgado por um discurso como candidato à presidência da câmara de Istambul feito em 2019, quando derrotou por uma pequena margem um candidato do partido de Erdogan. Nesse discurso, disse que os que anularam as eleições eram “tolos”. O político diz que usou a mesma linguagem que o ministro do Interior, Suleyman Soylu, tinha utilizado em relação a si.

A repetição da eleição deu uma maioria confortável a Imamoglu, acabando com uma hegemonia do pós-islamista AKP e do seu antecessor islamista (incluindo um mandato de Erdogan) à frente da câmara de Istambul.

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