Índia denuncia confrontos entre soldados indianos e chineses na fronteira disputada

Ministério da Defesa indiano acusa Exército chinês de “tentativa de alteração unilateral do statu quo” na região fronteiriça de Arunachal Pradesh e diz que há soldados feridos em ambos os lados.

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Protesto na Índia contra o Presidente chinês, Xi Jinping, após os confrontos de 2020 na fronteira EPA/SANJAY BAID

O Ministério da Defesa da Índia anunciou esta terça-feira que houve confrontos entre soldados indianos e chineses na passada sexta-feira, na “área Yangtse do sector de Tawang”, junto à fronteira disputada entre os dois países asiáticos, entre o estado indiano de Arunachal Pradesh e o Tibete chinês.

A disputa entre a China e a Índia na região dos Himalaias começou em 1959 e envolve vários pontos de uma fronteira com quase quatro mil quilómetros, que percorre cinco estados indianos e que, depois dos acordos de cessar-fogo que puseram fim à guerra sino-indiana de 1962, criou uma linha de separação conhecida por Linha de Controlo Real (LAC, na sigla em inglês).

O ministro da Defesa, Rajnath Singh, diz que “foram feridos soldados de ambos os lados”, nenhum com gravidade, e apontou o dedo ao Exército da Libertação do Povo chinês (ELP).

“As tropas do ELP tentaram alterar unilateralmente o statu quo intrometendo-se na Linha de Controlo Real na área de Yangtse do sector de Tawang”, denunciou, num comunicado aos deputados, no Parlamento, em Nova Deli.

“O plano chinês foi travado pelas nossas tropas de forma firme e decidida”, garantiu Singh, citado pelo Hindustan Times. “O frente-a-frente levou a uma luta física, na qual o Exército indiano impediu, com bravura, que o ELP invadisse o nosso território e forçou [os soldados chineses] a retirarem-se para os seus postos.”

Citado pela Reuters, Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, limitou-se a dizer, esta terça-feira, que a situação na fronteira sino-indiana está “genericamente estável”.

O aparato militar em redor das zonas disputadas é significativo, com estradas, pistas de aterragem, quartéis militares e redes de comunicação, e uma regularidade assinalável de patrulhas e missões de reconhecimento militar.

Depois da guerra de 1962, porém, o conflito entre os dois gigantes asiáticos tem sido mais pacífico que violento, marcado por pequenas escaramuças, como a que foi agora denunciada pelo Governo indiano, ou como a anterior, em Janeiro do ano passado, no estado indiano de Sikkim, encurralado entre o Nepal, o Tibete e o Butão.

Ambos os lados acusam-se mutuamente de “provocações”, de “violação dos compromissos históricos” e de “responsabilidade” pela invasão de território alheio.

No entanto, em Junho de 2020, mais de 20 soldados indianos morreram, na sequência de confrontos violentos entre membros dos dois exércitos, no vale Galwan, na região de Ladakh, no Noroeste da Índia, que faz fronteira com Aksai Chin – um território reivindicado pelos indianos, mas controlado pela China desde 1962.

Travado com bastões e lutas corpo-a-corpo, foi o confronto mais mortífero entre os soldados dos dois países em mais de quatro décadas. Desde aí, verificou-se uma escalada na tensão na fronteira e nas relações diplomáticas entre Pequim e Nova Deli.

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