Bolsonaristas tentam invadir Polícia Federal e vandalizam Brasília em dia de diplomação de Lula

Apoiantes de Bolsonaro incendiaram veículos na capital brasileira e envolveram-se em confrontos com a polícia.

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Manifestantes incendiaram veículos Reuters/UESLEI MARCELINO
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Apoiantes de Bolsonaro desafiaram autoridades Reuters/ADRIANO MACHADO
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Polícia utilizou gás lacrimogéneo Reuters/UESLEI MARCELINO
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Caos nas ruas de Brasília Reuters/UESLEI MARCELINO

Uma ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contra um indígena bolsonarista acabou em actos de violência na segunda-feira em frente à sede da Polícia Federal (PF) e nas ruas de Brasília, horas após a diplomação do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.

A PF cumpriu o mandado de prisão temporária contra José Acácio Serere Xavante e conduziu-o até a sede da corporação, na Asa Norte. O pedido foi da PGR (Procuradoria-Geral da República), que apontou o indígena como um dos integrantes dos protestos antidemocráticos na capital federal.

José Acácio participou, entre outros protestos, num em frente ao hotel onde Lula está hospedado durante a transição. O local teve a segurança reforçada depois de o confronto entre bolsonaristas e a polícia ter começado, e a praça dos Três Poderes foi fechada.

Com a presença do detido no prédio da PF, apoiantes do Presidente Jair Bolsonaro tentaram invadir o local. Após serem repelidos pela polícia, os manifestantes foram para outras vias da cidade e atearam fogo a pelo menos dois autocarros e a carros. Também vandalizaram postes de iluminação e tentaram derrubar um autocarro de um viaduto.

Vestidos com camisas amarelas e bandeiras do Brasil, os manifestantes também quebraram veículos que estavam estacionados próximos ao prédio da PF.

Agentes policiais que estavam no local reagiram e houve tumulto no local. Bolsonaristas arremessavam pedras e bombas de gás lacrimogéneo foram jogadas para tentar conter os motins.

Os manifestantes espalharam-se por outros pontos da região central de Brasília, bloqueando estradas e em pelo menos um ponto, com um autocarro incendiado.

O trânsito de veículos na Esplanada dos Ministérios, na Praça dos Três Poderes e outras vias da região central foi restrito.

A Polícia Militar (PM) também foi mobilizada para conter os bolsonaristas. Além de equipas do Batalhão de Choque e da Forças Táctica, um helicóptero também foi usado para procurar manifestantes em áreas escuras. O Governo do Distrito Federal (DF) não informou se houve detenções.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, repudiou a violência dos manifestantes e a atribuiu a uma “minoria raivosa”.
“A depredação de bens públicos e privados, assim como o bloqueio de vias, só servem para acirrar o cenário de intolerância que impregnou parte da campanha eleitoral que se encerrou”, escreveu nas redes sociais.

“As forças públicas de segurança devem agir para reprimir a violência injustificada com intuito de restabelecer a ordem e a tranquilidade de que todos nós precisamos para levar o país adiante”, completou.

O Presidente Jair Bolsonaro não manifestou até a publicação desta reportagem. Ele chegou a fazer três publicações na sua conta no Telegram, mas nenhuma sobre os protestos violentos de apoiantes, apenas exaltando acções de governo.

O ministro da Justiça, Anderson Torres, afirmou numa rede social no final da noite que a PF estava em contacto com a Secretaria de Segurança Pública do DF, “a fim de conter a violência e a restabelecer a ordem”, e que a situação estava sendo normalizada. “Tudo será apurado e esclarecido”, afirmou.

Em relação à prisão do indígena que culminou nos protestos, a PF disse que ele estava acompanhado de advogados. “Todas as formalidades relativas à prisão estão sendo adoptadas nos termos da legislação, resguardando-se a integridade física e moral do detido” disse a PF, em nota.

O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que estava dialogando com o Governo do Distrito Federal e que em nenhum momento Lula foi exposto a risco. “A segurança do presidente Lula está garantida.”

Segundo ele, as medidas de responsabilização irão prosseguir. “Não há hipótese de haver passos atrás na garantia da lei e da ordem pública em razão de violência.”

O confronto também fez a Polícia Federal e a PM reforçarem a segurança no prédio onde Lula está hospedado. Policiais do grupo de elite da PF foram enviados para o local, e a PM criou um cordão de isolamento na entrada do hotel.

Exclusivo PÚBLICO/Folha de S. Paulo

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