Novo hotel vai homenagear as padeiras de Favaios no Douro

“São sete quartos, sete padeiras”. Será assim parte do Favaios Aldeia Resort, que começou a ser construído, no concelho de Alijó. Vai incluir mais alojamentos que homenageiam outros ofícios.

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Manuela Fernandes, orgulhosamente conhecida como a "Barriguda", é uma das padeiras homenageadas ADRIANO MIRANDa

As padeiras de Favaios, Alijó, vão ser homenageadas num hotel que dará o nome de cada uma aos sete quartos e se insere num "resort´ com cinco unidades pequenas hoteleiras e um investimento de sete milhões de euros.

"É dedicado às padeiras de Favaios. São sete quartos, sete padeiras, cada quarto será dedicado a uma das padeiras", explicou à Lusa o empresário Luís Barros.

Manuela Fernandes, orgulhosamente conhecida como a "Barriguda", é uma das padeiras homenageadas e que ainda está no activo. Aos 72 anos revelou-se orgulhosa pelo reconhecimento de uma actividade que caracteriza esta aldeia vinhateira do Douro, no concelho de Alijó, distrito de Vila Real.

"Toda a vida houve aqui muitas padarias. As pessoas governavam-se com as padarias", contou à Lusa.

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O empresário Luís Barros é também proprietário da Quinta da Avessada dr

Coze pão praticamente todos os dias e recebe, também, muitos turistas que procuram o pão quente a sair do forno. "Há sempre uma manteiga e vinho moscatel", frisou.

Manuela gosta muito daquilo que faz e conta com a ajuda da irmã, Ana Paula Fernandes, de 56 anos. Foi com a mãe, padeira durante 50 anos, que ambas aprenderam o ofício que fazem questão de manter na sua forma tradicional e com o forno a lenha.

O Favaios Aldeia Resort inclui a recuperação de cinco edifícios, no centro da localidade, para a criação de pequenas unidades hoteleiras e representa um investimento global de sete milhões de euros.

O lançamento da primeira pedra da Casa da Padeira, o primeiro hotel do "resort", que será também um pequeno museu, com forno para cozer o pão, realizou-se no domingo. O investimento neste espaço é de 1,1 milhões de euros e o projecto conta com a comparticipação do programa Sistema de Incentivo à Inovação.

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A aldeia de Favaios, Alijó CARLA CARVALHO TOMAS

Por Favaios, será possível aos turistas ir conhecer e "vivenciar" as padarias que ainda se encontram abertas ao público e onde o pão mais famoso é o "quatro cantos".

Luís Barros explicou que, em cada um dos hotéis, será feita uma homenagem a um ofício característico deste planalto do Douro.

O empresário disse ainda que os restantes quatro hotéis terão oito quartos cada, que serão criados "no mínimo" 20 novos postos de trabalho e que as deslocações entre os edifícios serão feitas com veículos eléctricos.

O projecto contempla ainda um restaurante, bar e a recuperação do teatro da freguesia para a realização de espectáculos e outras iniciativas de animação turística.

A construção será faseada e prevê-se que esteja concluída em seis anos.

"É esta ligação cultural que existe que nós queremos promover a quem nos visita. Favaios vai ter, a partir do próximo ano, um turista diferente, um turista individual", antevê Luís Barros.

O empresário possui a Quinta da Avessada, um espaço de animação turística preparado para refeições, provas e visitas à enoteca, por onde passaram, este ano, 60.000 turistas, menos 10.000 do que em 2019, ano pré-pandemia de covid-19.

A enoteca é um pequeno museu interactivo alusivo à história e cultura da vinha e do vinho no Douro.

Ao projecto Favaios Aldeia Resort associou-se o Grupo Casais, através da empresa Constru, que, segundo o responsável, Pedro Alves, aposta na "lógica de proximidade" e trabalha com empreiteiros da região, também com o objectivo de dinamizar as economias locais.

Segundo o responsável, em pico de obra estarão afectos à construção da Casa da Padeira cerca de 50 trabalhadores.

Pedro Alves disse que a Casais tem cinco mil funcionários espalhados por 18 países e criou uma academia para formação de pessoas e fazer face à dificuldade da recrutamento de mão-de-obra.

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