Livre pede investigação da Polícia Judiciária a discurso de ódio na PSP e GNR

Rui Tavares defende que as ameaças à integridade física, à segurança dos órgãos de soberania e à imprensa por parte de elementos da GNR e PSP devem ser alvo de uma investigação policial.

Foto
Mais de 600 membros da GNR e da PSP utilizam as redes sociais para difundir mensagens de ódio, segundo uma investigação jornalística Rui Gaudêncio

O deputado único do Livre considerou esta quarta-feira que o fenómeno da difusão de mensagens de ódio, racistas, xenófobas e misóginas por parte de membros da GNR e da PSP, divulgado por um consórcio de jornalistas, não está a ser levado "suficientemente a sério” e apelou a que seja aberta uma investigação por parte da Polícia Judiciária (PJ).

Na sua declaração política desta tarde no Parlamento, Rui Tavares reconheceu que o ministro da Administração Interna, a inspectora-geral da Administração Interna e os responsáveis pela GNR e a PSP, ouvidos em audição parlamentar esta terça-feira, mostraram “preocupação” e condenaram o comportamento dos guardas e agentes envolvidos. Mas considerou que "a amplitude e a natureza do problema não estão a ser levadas suficientemente a sério".

Notando que a investigação do consórcio de jornalistas revelou a existência de uma "subcultura de discurso de ódio", Rui Tavares declarou que "não podemos escamotear" que "entre esse discurso se apresentavam também exemplos de ameaças directas à integridade física e à segurança de órgãos de soberania e também à imprensa”.

O parlamentar apelou, por isso, a uma “investigação criminal transparente e célere” por parte da Polícia Judiciária, a par dos inquéritos já abertos pelo IGAI e pela Procuradoria-Geral da República, para "não deixar cair as denúncias" feitas por agentes e militares aos jornalistas.

Rui Tavares deu como exemplo o caso de um grupo de extrema-direita que planeava um ataque ao Parlamento alemão e foi travado pela justiça. Houve prisões. O assunto não está a ser subestimado como nunca deveria ser. Estejamos atentos a esse exemplo”, afirmou.

Pelo PCP, a deputada Alma Rivera declarou igualmente que "não parece que haja efectivamente uma assunção de responsabilidades", salientando que a realidade da "infiltração de concepções antidemocráticas" nas forças de segurança "não é novidade", tendo, aliás, motivado "sucessivos alertas" a diferentes governos. A comunista acusou ainda o Governo de "falta de disponibilidade" para "ouvir", "reflectir" e "pensar em soluções" como a "valorização salarial" dos polícias e militares.

Pedro Filipe Soares, líder da bancada do Bloco de Esquerda, referiu que não ficou "satisfeito" nem "descansado" com a garantia das chefias das forças de segurança de que não existe um aumento de elementos da extrema-direita na GNR e na PSP. Também Rui Tavares considerou que não viu "vontade de investigar se existe" essa infiltração.

Do lado do PS, Paulo Araújo Correia garantiu que "a confirmarem-se os indícios, estes revestem-se de gravidade extrema que muito nos preocupa", mas sublinhou que o "comportamento de uma minoria, por mais ruidosa que possa ser, não pode comprometer a confiança nas forças e serviços de segurança". O deputado socialista apelou ainda a que se aguarde pelos inquéritos abertos e a que não se tirem "conclusões precipitadas".

Sugerir correcção
Comentar