Empresa de Elon Musk investigada pela morte de 1500 animais durante testes

Os animais são utilizados para testar a eficácia de um implante cerebral para paraplégicos. Os testes têm falhado e os funcionários estão preocupados com as mortes desnecessárias.

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Empresa de Elon Musk investigada por ter matado 1500 animais em testes Reuters/Patrick Fallon

A Neuralink, empresa de dispositivos médicos do multimilionário Elon Musk, está a ser investigada por alegados maus-tratos a animais utilizados em testes, depois de vários funcionários terem manifestado preocupações com mortes e sofrimento desnecessários.

A empresa está a desenvolver um implante cerebral que permite que os paraplégicos andem novamente e quer curar outras doenças neurológicas. A Reuters falou com 20 funcionários e ex-funcionários da Neuralink que afirmaram ter sido pressionados por Musk para apressarem os testes de eficácia do dispositivo, apesar de já o terem feito antes e de não terem sido bem-sucedidos. Ainda assim, esses testes foram repetidos e resultaram na morte de mais animais.

A pressão que os funcionários dizem ser alvo tem sido constante e intensificou-se quando Musk partilhou um artigo sobre um grupo de cientistas que criou um implante que ajudou um homem a andar novamente, revela o Guardian.

"Poderíamos permitir que as pessoas usassem as mãos e voltassem a andar!”, dizia a mensagem que Musk enviou aos trabalhadores às 6h37 locais do dia 8 de Fevereiro. De um modo geral, não estamos a andar suficientemente depressa. Isto está a enlouquecer-me!", acrescentou dez minutos depois.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) tem estado a investigar as acusações nos últimos meses. As provas, além de mensagens, incluem emails, apresentações, relatórios e áudios, contudo nem Elon Musk nem os executivos da Neuralink comentaram o assunto.

Nos Estados Unidos, as leis não determinam quantos animais podem ser utilizados em testes, mas a empresa passou em todas as inspecções no que toca a instalações e registo de informação.

Segundo os documentos analisados pela Reuters, a empresa matou, desde 2018, cerca de 1500 animais nas suas experiências, entre os quais 280 ovelhas, porcos e macacos. Contudo, estes números são uma estimativa, uma vez que a Neuralink não guarda os registos precisos sobre o número de animais que foram utilizados nos testes e abatidos.

Três funcionários, que falaram com a Reuters sob anonimato, afirmaram que a equipa que realiza os testes está mal preparada, luta para cumprir os prazos e faz alterações antes das cirurgias que aumentam os riscos para os animais. Na mesma linha, os sucessivos fracassos comprometem a intenção de Musk de comercializar o dispositivo dentro de seis meses.

Musk diz que animais são bem tratados até morrerem

O empresário, que também é dono da Tesla, da Space X e do Twitter, não comentou as acusações, mas já havia dito que os animais que estavam nas instalações da Neuralink, no Texas e na Califórnia, eram muito bem tratados quando comparados a outros centros de pesquisa.

Os funcionários ouvidos pela Reuters concordam com estas afirmações e até recordam um alegado comentário de Musk sobre criar um “Taj Mahal dos macacos” nas instalações na baía de São Francisco, na Califórnia. No entanto, estas afirmações não anulam as acusações de que a empresa é alvo.

Além das denúncias internas, um grupo de direitos dos animais apresentou uma queixa sobre as experiências falhadas da Neuralink ao USDA e apresentou provas da morte de dois macacos. A empresa reconheceu que seis macacos morreram.

A Neuralink declarou que só realiza testes em animais quando todas as outras opções de pesquisa já foram utilizadas.

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