INEM anuncia reforço com mais ambulâncias de bombeiros no Inverno. Sindicato diz que é “marketing”

Há 37 meios que passam da reserva a postos de emergência médica. Sindicato dos Técnicos de Emergência preocupado com “qualidade dos cuidados prestados à população”.

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Há 37 meios que passam da reserva a postos de emergência médica durante os próximos meses Manuel Roberto

O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) anunciou este domingo que vai “reforçar” o dispositivo com mais ambulâncias das corporações de bombeiros e da Cruz Vermelha durante os meses de Inverno. A solução já foi utilizada há um ano e também durante o Verão, mas os meios mobilizados são desta feita superiores. Há 37 meios envolvidos nesta operação de “reforço” do dispositivo de emergência. O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar classifica-o como “operação de marketing”.

As ambulâncias das corporações de bombeiros podem ser classificadas como postos de emergência médica, recebendo nesses casos um subsídio de 4000 euros mensais do Estado e estando disponíveis em permanência para serem mobilizadas pelos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU); ou como ambulâncias de reserva, que estão à disposição do INEM sempre que sejam necessárias, mas só são pagas por cada utilização. A operação agora anunciada implica que os 37 meios envolvidos passam a ser classificados como postos de emergência médica.

A maior parte dos meios anunciados este domingo pelo INEM está localizada no Sul do país, onde há um acréscimo de 18 ambulâncias de socorro. Vão operar nos concelhos do Montijo, Barreiro, Palmela, Santiago do Cacém, Sesimbra, Loures, Oeiras, Sintra, Santarém e Benavente. Além disso, os Bombeiros Voluntários de Cacilhas asseguram ainda o funcionamento de um motociclo de socorro no concelho de Almada.

Na região Norte, foram activadas 13 ambulâncias, nos concelhos de Braga, Santa Maria da Feira, Porto, Vila Nova de Gaia, Matosinhos e Vila do Conde, sendo operadas directamente pelas corporações de bombeiros e pela Cruz Vermelha Portuguesa, acrescendo um motociclo no concelho do Porto, operado pelos Bombeiros Voluntários Portuenses.

Na região Centro, há uma ambulância de socorro operada pelos Voluntários de Viseu e que vai operar naquele concelho. A região algarvia passa a ter ao dispor três ambulâncias adicionais, que vão ser usadas nos concelhos de Lagos e Albufeira, sendo operadas pelos Bombeiros Voluntários de Lagos e Cruz Vermelha de Silves/Albufeira.

O INEM apresenta esta operação como um “reforço” do dispositivo de emergência médica nacional, “para acautelar e garantir uma resposta mais eficaz do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM) a situações de acidente ou doença súbita”.

Reforço até Março

Estes 37 meios vão operar “inicialmente” entre os dias 1 e 31 de Dezembro, anuncia o INEM em comunicado enviado às redacções neste domingo. Este período será depois prolongado até Março, tal como aconteceu no ano passado.

Não é a primeira que o INEM faz uma operação deste tipo. Em Dezembro do ano passado, anunciou a utilização de nove meios das corporações para o período de Inverno, entre 15 de Dezembro e 30 de Março. No Verão, entre Junho e Setembro, voltou a fazê-lo, desta feita com a utilização de 23 meios das corporações de bombeiros e da Cruz Vermelha.

Esses meios foram parcialmente desmobilizados a 30 de Setembro. “Dois meses depois, voltam a anunciá-los”, critica Rui Lázaro, dirigente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, que classifica o anúncio feito pelo INEM este domingo como uma “operação de marketing”: “Não há mais ambulâncias, nem há mais profissionais.” Se uma corporação tiver seis ambulâncias de reserva e uma classificada como posto de emergência médica (PEM) e, fruto desta medida, passar a ter cinco ambulâncias de reserva e dois PEM, “continua a ter o mesmo número de ambulâncias disponíveis e o mesmo pessoal”, ilustra.

As preocupações dos dirigentes sindicais estendem-se à “qualidade dos cuidados prestados à população”, uma vez que a resposta das corporações de bombeiros é dada por profissionais com “formação muito básica” em matéria de emergência médica, com “muito menos horas de treino do que aquelas que têm os profissionais do INEM”.

O INEM tem sofrido com falta de pessoal. Em Julho, o instituto reconhecia que faltavam 365 técnicos de emergência pré-hospitalar nas suas equipas, menos do que os 500 que o Sindicato dos Técnicos de Emergência Médica dizia estar em défice. Há dois meses, o presidente do INEM, Luís Meira, também reconheceu, em audição da Comissão de Saúde da Assembleia da República, que o serviço de socorro tem sofrido diversos constrangimentos, mas insistiu que os atrasos prolongados na resposta aos pedidos de emergência são “pontuais”.

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