Concurso PNA/PÚBLICO na Escola

Escreve sobre a cultura à tua volta e aparece no PÚBLICO

Inscrições no concurso do PÚBLICO na Escola e do Plano Nacional das Artes até 3 de março. Para alunos do 3.º ciclo e do ensino secundário.

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O concurso “Vamos fazer um plano” está de volta, em 2022-23. Nesta segunda edição, a proposta do PÚBLICO na Escola e do Plano Nacional das Artes mantém-se: os participantes devem apresentar um plano (trabalho paginado para ocupar duas páginas de jornal, par e ímpar) com temas de cultura. Podem participar alunos e grupos de alunos de estabelecimentos de ensino do 3.º ciclo do ensino básico e do ensino secundário do continente, regiões autónomas e de escolas portuguesas no estrangeiro. Os cinco melhores terão direito a uma mentoria com jornalistas do PÚBLICO, de várias áreas, e verão os seus trabalhos publicados na edição impressa do jornal. É-lhes ainda dada a possibilidade de visitar a redação do PÚBLICO e conhecer de perto os bastidores de um jornal. Os interessados podem inscrever-se até ao dia 3 de março. As informações necessárias à preparação da candidatura estão reunidas no regulamento.

E o que é que cabe em “temas de cultura”? Manifestações culturais, artes, património de proximidade — material e imaterial —; crítica de arte, de cinema, de música, de teatro, de dança, de livros ou outras manifestações artísticas; projetos culturais de escola; cruzamentos entre as artes e as questões de cidadania. Serão valorizadas a relevância da proposta, a criatividade e sentido crítico, a diversidade de géneros jornalísticos utilizados no plano e a qualidade e adequação da escrita e da linguagem gráfica.

No ano letivo passado, venceram planos de Arganil, Castro Daire, Colos (Odemira), Covilhã e Moçambique. Falavam, respetivamente, sobre um festival de curtas-metragens; uma estação arqueológica; um projeto de escola; a relação entre a escola e a comunidade intermediada pela arte; e os símbolos e manifestações artísticas da paisagem cultural moçambicana. Distinguiram-se entre 71 trabalhos enviados a partir de 43 escolas ou agrupamentos diferentes. Este ano, espera-se “uma consciência ainda maior da diversidade, dos patrimónios, das artes, e das culturas” — antecipa Paulo Pires do Vale, comissário do Plano Nacional das Artes (PNA).

“É entusiasmante poder divulgar o nosso trabalho, sentimo-nos bem por podermos dar a conhecer uma coisa que pouca gente conhece”, dizia Rodrigo Pinto, aluno do 9.º ano no Agrupamento de Escolas de Castro Daire, na redação do PÚBLICO em Lisboa, em junho passado. O seu grupo foi um dos cinco vencedores do “Vamos fazer um Plano”. O trabalho destes alunos deu a conhecer a Pedra dos Pratos, uma estação arqueológica a cerca de 20 quilómetros da vila. Foi uma descoberta também para os jovens, que nunca tinham lá ido até começarem a pensar num tema para participar no concurso.

Uma das partes mais interessantes do “Vamos Fazer um Plano” é precisamente a valorização do património que os estudantes que participam têm ao seu redor, sublinha Paulo Pires do Vale. “Ao valorizar esse património estamos a valorizar também os territórios e as pessoas que os habitam”, diz o comissário do PNA. Além disso, acredita que é fundamental que se entenda que “não é preciso levar cultura ao território, porque já existe cultura no território”. Sair à descoberta, escrever e organizar a informação num plano pode ser uma forma de tirar da invisibilidade algumas manifestações artísticas e culturais. Mas, antes de mais, de garantir uma valorização vinda de dentro.

Na divulgação dos vencedores do ano letivo 2021/22, Bárbara Simões, jornalista e coordenadora do PÚBLICO na Escola, destacava o facto de este concurso ter dois momentos — o primeiro com a seleção dos cinco vencedores, e o segundo com o processo de mentoria. Por isso, a tarefa do júri que integrou passava não só por avaliar a qualidade que as propostas enviadas já tinham, mas também o potencial de melhoria de cada trabalho.

O processo de mentoria (realizado, até agora, com quatro dos cinco grupos) foi orientado por Bárbara Simões, pela jornalista de cultura do PÚBLICO Lucinda Canelas e por Sónia Matos, diretora de arte do PÚBLICO. No dia em que visitaram a redação, os vencedores tiveram a oportunidade de aprender mais sobre design editorial e jornalismo, ao mesmo tempo que acompanharam o resultado da edição dos seus trabalhos, até à versão mais próxima da que depois viria a ser publicada com a edição do PÚBLICO do dia 29 de julho. Sónia Matos recorda-se de ter mostrado a versão repaginada aos alunos da Escola Secundária Campos Melo, na Covilhã, e de eles terem exclamado em uníssono: “Aaaah!”. “Foi muito muito giro ver a reação deles.”

Houve um outro aspeto que Sónia Matos achou curioso: depois de explicar, no auditório do PÚBLICO, o que era um plano e como deveria ser feito, muitos alunos reagiram e disseram que “se fosse hoje teriam feito diferente”. No entendimento da diretora de arte do jornal PÚBLICO, essa reação prova a sensibilidade e a abertura que estes jovens têm para apreender noções que estão diretamente relacionadas com o jornalismo e o processo de fazer um jornal no suporte de papel. E mesmo para os “nativos digitais”, os ensinamentos sobre o que se faz no papel podem ser úteis — Sónia Matos diz mesmo que “são a base para tudo o resto”.

Encontro de gerações

Existem diversas vantagens no processo de mentoria de “Vamos Fazer um Plano”, mas não só para os jovens estudantes e professores que os acompanham, garante Lucinda Canelas. A jornalista, que também partilhou com os alunos a sua experiência no auditório do PÚBLICO, lembra-se de os jovens da Covilhã terem feito perguntas “muito pertinentes” e quererem perceber como é que as coisas funcionavam “a partir da sua perspetiva”. Para uma jornalista, “confrontar-se com novas gerações e maneiras de pensar diferentes” pode ser vantajoso. “Quando tentas compreender o lugar do outro, tenha ele 17 anos, 27 ou 87, e fazes um exercício de empatia — que é fundamental para quem faz jornalismo —, aprendes alguma coisa.”

É nesse encontro de gerações que se faz “o património e a cultura”, diz Paulo Pires do Vale. O comissário do PNA não tem dúvidas: a proximidade entre os mais novos e o jornal deixa marcas. Até porque foi assim que se tornou leitor, com a possibilidade de ter o jornal perto de si e de se interessar por ele, confessa. E acredita que a abertura do jornal PÚBLICO, ao mostrar que “não são só os mais velhos que comunicam para os mais novos”, ajuda a criar pontes entre gerações; entre os jovens e a literacia mediática.

A divulgação dos vencedores desta segunda edição do concurso “Vamos fazer um Plano” será feita em abril de 2023. O júri do concurso contará novamente com representantes do PÚBLICO e do Plano Nacional das Artes, promotores da iniciativa. À semelhança do que aconteceu no ano de estreia, a realização do concurso motiva uma ação de formação de curta duração para professores, desta vez no início de 2023, em data a anunciar oportunamente.