Brasil, derrotado pelos Camarões, garante primeiro lugar

Selecção “canarinha” cedeu aos 90+2’ num golo de Aboubakar e defronta a Coreia do Sul nos oitavos-de-final, graças a um golo de vantagem sobre os suíços.

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Dani Alves e Choupo-Moting em despique no Camarões-Brasil Reuters/BENOIT TESSIER

O Brasil cumpriu, esta sexta-feira, em Lusail, apesar da derrota (1-0) frente à selecção dos Camarões, a primeira no Qatar, mais uma etapa do sonho de chegar ao sexto título mundial, confirmando, por um golo de diferença sobre a Suíça, a liderança do Grupo G, que dita o encontro com a Coreia do Sul nos oitavos-de-final na próxima segunda-feira, dia 5 (19h).

A escorregadela do “escrete” só não permitiu que os “leões indomáveis” se juntassem a Marrocos e Senegal na condição de terceira selecção africana a seguir para a fase a eliminar porque a Suíça bateu (3-2) a Sérvia.

qualificado, Tite prometeu e cumpriu, promovendo nove alterações no “onze” inicial, onde, para além do destaque óbvio do lateral-direito Dani Alves, surgiu o central Bremer, da Juventus, em estreia absoluta em Mundiais, depois de ter sido testado há dois meses num “particular” frente ao Gana, onde conseguiu a primeira internacionalização.

Para Dani Alves, o jogador com mais títulos colectivos, o 125.º jogo pela selecção permitiu-lhe tornar-se no futebolista brasileiro mais velho, com 39 anos e 210 dias, a representar o “escrete” em Campeonatos do Mundo (destronou Thiago Silva), prova em que marcou em presença em 2010 e 2014, tendo falhado o Rússia 2018 por lesão.

O facto de ter selado, com triunfos sobre Sérvia e Suíça, a qualificação para os oitavos-de-final, facilitou a revolução numa altura em que o Brasil continua a não contar com os lesionados Danilo, Alex Sandro e Neymar.

Também a selecção dos Camarões, à espera de um milagre, fez alterações, com Rigobert Song a estrear os defesas Wooh e Ebosse e a dar a titularidade a Vincent Aboubakar.

Sem vencer nos últimos nove encontros em fases finais de Campeonatos do Mundo, os “leões indomáveis” precisavam de repetir a proeza de 2003, quando conseguiram a única vitória frente ao Brasil, na Taça das Confederações, com um golo de Samuel Eto'o, e esperar que a Suíça não batesse a Sérvia para poderem ir buscar a calculadora.

Aboubakar (90+2') fez a sua parte, marcando (foi expulso por tirar a camisola) um golo histórico que podia ter levado os Camarões aos “oitavos”.

Infelizmente para os africanos, que viram Epassy brilhar e negar o golo a Martinelli logo aos 13 minutos, o fecho da fase de grupos jogava-se em dois campos, com a Suíça a marcar cedo frente aos sérvios... que responderam pouco depois, mantendo a alternância até ao resultado fatal para os africanos.

Contas bem complicadas, apesar de este Mundial do Qatar já ter provado não haver impossíveis, até porque a selecção brasileira mudou praticamente toda a sua estrutura, o que, não sendo necessariamente um sinal de fraqueza, abriu outras perspectivas aos camaroneses.

Esperança viva

Com um nulo ao intervalo, apesar das boas iniciativas de Martinelli e Rodrygo, os camaroneses mantinham viva a esperança. O empate verificado na primeira parte do Suíça-Sérvia ajudava à narrativa, até porque depois de terem suportado a pressão e os dez remates do Brasil, os Camarões só não recolheram aos balneários em vantagem porque Ederson defendeu o cabeceamento de Bryan Mbeumo, autor do primeiro remate da formação de Song, já no período de compensação.

A verdade é que o Brasil iniciou a segunda metade a ter que reprimir uma entrada decidida dos “leões indomáveis”, com Aboubakar a falhar o alvo por centímetros. Mas seria de novo o guardião Epassy a brilhar e a negar o golo a Rodrygo e a Martinelli, adiando a sentença que a Suíça começava a assinar.

A lesão de Alex Telles abriu o capítulo das substituições, com o Brasil a mexer na defesa, meio-campo e ataque, onde Gabriel Jesus ia resistindo apesar da desinspiração que o mantém em branco ao fim de oito partidas em Mundiais.

O Brasil recuperava as rédeas e Epassy assumia em definitivo o papel de salvador, negando o golo a Militão. Com o tempo a esgotar-se, mesmo sem conseguir o golo que nunca deixou de perseguir, o Brasil mantinha os camaroneses sob controlo, ganhando força a possibilidade de fechar a fase de grupos com um nulo e sem golos sofridos nos primeiros três jogos.

O Brasil sentia que não conseguiria o pleno, que escapa desde o Alemanha 2006, mas estava longe de pensar que ainda perderia a partida, um final amargo que só não foi mais penalizador porque no final garantia o primeiro lugar do grupo.

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