Inglaterra não teve piedade do País de Gales

Equipa de Gareth Southgate garante primeiro lugar do Grupo B com triunfo fácil sobre o País de Gales. Senegal será o adversário dos britânicos nos oitavos-de-final do Mundial.

Foto
Rashford marcou dois dos três golos da Inglaterra EPA/Friedemann Vogel

A Inglaterra não precisava de mais e o País de Gales não conseguia fazer mais. Foi assim o confronto entre os colegas de ilha no Mundial do Qatar que teve um desfecho mais do que previsível. Os ingleses venceram por 3-0 e seguem para os oitavos-de-final como vencedores do Grupo B e com um confronto com o Senegal no seu futuro imediato, os galeses despedem-se do segundo Mundial da sua história sem muito para contar. E Gareth Bale, a única verdadeira “estrela” de Gales com dimensão internacional, ter-se-á despedido do futebol internacional sem ter verdadeiramente deixado marca no Qatar.

Só uma combinação improvável de resultados é que permitiria outro desfecho que não a qualificação inglesa e a eliminação galesa. Mas a missão difícil de Gales sempre pareceu impossível de concretizar, tal a evidente diferença de valor para a Inglaterra. De um lado, a “nata” da Premier League com vontade de chegar longe no torneio, do outro uma colecção de jogadores colhidos nas divisões secundárias do futebol inglês e um ou outro nome familiar longe já no crespúsculo da carreira (Bale, Ramsey) e sem capacidade para levar o País de Gales a mais alguma coisa neste regresso ao Mundial 64 anos depois.

A Inglaterra nem tinha grande necessidade de carregar demasiado. O seu apuramento era quase uma certeza, mas os homens de Gareth Southgate teriam de garantir que não haveria surpresas – ao mesmo tempo havia um “mata-mata” entre Irão e EUA que lhes podia tirar a liderança do agrupamento. O 0-0 que acontecia ao intervalo foi mais demérito inglês que capacidade defensiva galesa.

Ward foi fazendo o que podia na baliza dos “dragões vermelhos”, defendendo uma bola de golos de Rashford após um passe de Rice aos 10’ – o avançado do United voltaria a estar perto do golo aos 39’. Pelo meio, a Inglaterra teve uma bela jogada de entendimento que passou por quase todos os jogadores e que terminou num remate de Foden por cima. E Gales? Apenas um remate na primeira parte, de Joe Allen, sem a direcção certa mas que quase apanhou Pickford desprevenido.

Após o intervalo, uma mudança significativa na equipa de Rob Page. Gareth Bale não voltou para o campo, ele que foi a figura de Gales na última década, mas sem espaço no futebol europeu e exilado na MLS, a ganhar dinheiro e a jogar golfe. Pensava-se que o antigo jogador do Real Madrid ainda poderia fazer a diferença para Gales, mas o meio jogo que fez contra a Inglaterra foi uma provável despedida pouco digna para alguém que chegou a ser um dos melhores do mundo – pouco em jogo e nenhuma influência.

Foi a partir do banco que Bale viu o domínio inglês ter correspondência no marcador logo aos 50’. Num livre directo, Marcus Rashford fez o 1-0 para os “Três Leões”, logo a seguir Foden fez o 2-0, a encostar após um belo cruzamento de Harry Kane. Pode ainda não ter marcado neste Mundial, mas o capitão inglês está a ser um jogador muito influente – e Foden, preterido por Southgate nos dois primeiros jogos, talvez tenha ganho um lugar no “onze”.

Houve pouca ou nenhuma resposta desta versão de Gales sem Bale. Houve, isso sim, mais um golo da Inglaterra, aos 68’, de Marcus Rashford, após passe de Kalvin Phillips. E foi o suficiente para os ingleses seguirem motivados num Mundial onde têm legítimas aspirações – mas o Senegal será um adversário bem complicado. E Gales, que conseguiu apenas um ponto em três jogos, um golo marcado e seis sofridos, fica com a marca de uma das piores equipas do Mundial do Qatar e a pensar onde vai arranjar outra geração que consiga manter a selecção na rota dos grandes torneios. Ainda assim, os milhares de adeptos galeses que estavam em Al Rayyan prestaram a justa homenagem à sua selecção pela dimensão histórica do que, apesar de tudo, conseguiram alcançar.

Sugerir correcção
Comentar