Gue-sung Cho, o menino bonito da Coreia: uma sensação antes de o ser

Ícone nas redes sociais, estrela em ascensão nos relvados do Mundial. O avançado coreano será uma das maiores ameaças para Portugal no embate de sexta-feira.

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Gue-sung Cho após o primeiro golo ao Gana EPA/Mohamed Messara
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Gue-sung Cho Reuters/KIM HONG-JI
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Gue-sung Cho Reuters/KAI PFAFFENBACH
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Gue-sung Cho EPA/Mohamed Messara
,Copa do Mundo da FIFA - Fase de Grupos - Grupo H
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Gue-sung Cho Reuters/MOLLY DARLINGTON

Estamos no minuto 74 do jogo entre a Coreia do Sul e o Uruguai, a primeira partida do Grupo H do Mundial 2022. Gue-sung Cho perfila-se junto à linha lateral, pronto para ser lançado em campo por Paulo Bento. As câmaras, naturalmente, detêm-se sobre o número nove coreano e… boom, uma explosão de popularidade. As partilhas nas redes sociais disparam, a procura de fotografias do avançado sobe em flecha. Antes mesmo de se estrear no Qatar, Cho, candidato a jogador mais bem-parecido do torneio, já é uma sensação. Um jogo mais tarde, confirmou o estatuto dentro do relvado, com dois golos consecutivos ao Gana.

Se não tivesse cumprido o sonho de se tornar futebolista profissional, Gue-sung Cho teria provavelmente tentado uma carreira na indústria da moda. Foi o próprio quem o assumiu e, quem sabe, não vai ainda a tempo de o alcançar quando pendurar as chuteiras. Por estes dias, o avançado de 24 anos, natural de Ansan, tem reforçado a legião de fãs graças à exposição mediática de que tem gozado no Qatar e que começa a fazer por merecer (também) com a bola nos pés.

Foi longa a caminhada do jovem Cho para chegar até aqui, ao pináculo do futebol. A paixão pelo jogo é uma herança parental e começou desde cedo, mas a afirmação no período de formação tardou. Com uma estatura mais baixa do que a maioria dos colegas, o avançado foi ficando para trás nas escolhas, rodando pelo banco de suplentes e ficando, muitas vezes, incumbido até de tarefas laterais, como filmar os jogos da equipa sénior.

A genética, porém, tem destas coisas e Gue-sung Cho não demorou a dar o salto. Num período curto, cresceu uns valentes centímetros (a mãe, que jogou voleibol, tem 1,77m) e começou a perceber que o esforço extra, aqueles dias em que chegava aos treinos antes dos outros e era o último a sair, poderia valer a pena. Mesmo que, durante tanto tempo, tivesse escutado conselhos avulsos que sugeriam que procurasse uma ocupação alternativa.

"Muita coisa, muito depressa"

Nessa altura, era ainda um médio (de construção, essencialmente) a debater-se com as exigências do futebol escolar e universitário. Até que a mudança em campo também lhe mudou as perspectivas. “A partir desse momento [em que começou a jogar como avançado], senti que poderia tornar-me profissional. Disse a mim mesmo para me deixar ir. Quando comecei a jogar com essa mentalidade, senti-me muito mais confortável”, explicou, numa entrevista que deu em 2020 ao jornal Korea JoongAng Daily.

Daí até assinar contrato profissional com o FC Anyang, em 2019, foi um passo. E, tão depressa como chegou aos actuais 1,88m de altura, começou a subir degraus no futebol – também graças a uma época com 14 golos em 31 jogos. Foi seleccionado para os Sub23 da Coreia do Sul, que ajudou a chegar aos Jogos Olímpicos, antes de se mudar para a equipa mais titulada do país, o Jeonbuk Hyundai Motors, há dois anos, cimentando o percurso de ascensão com um número invulgar de venda de camisolas.

“Para ser sincero, acho que atingi muita coisa, muito depressa, praticamente tudo de uma vez num ano só. Isso traz-me a pressão de saber que tenho de melhorar todos os dias”, confessou. No Qatar, não se tem saído nada mal. De suplente utilizado diante do Uruguai passou a titular com um “bis” na derrota com o Gana (2-3) – ambos os golos foram marcados de cabeça e num intervalo de três minutos.

Está a ser uma jornada bem mais entusiasmante do que os dias de covid-19, com o campeonato suspenso, que passou na academia do Jeonbuk, sem nada para fazer a não ser treinar-se, alimentar-se e descansar. Um desafio mental que ultrapassou com a ajuda dos livros, do Youtube e, claro, das redes sociais. Ou não tivesse uma preocupação especial com a estética das fotos que publica, até porque há um exército de seguidore(a)s para alimentar.

Cho convive bem com a atenção externa, mas garante que está absolutamente concentrado em justificá-la pela performance nos relvados. Em Doha, já começou a fazer estragos e o jogo com Portugal, na sexta-feira, será a próxima oportunidade para mostrar serviço. Até porque, como o próprio revelou ao Korea JoongAng Daily, há algo de inexplicável na relação com os golos: “No momento em que marquei pela primeira vez [na carreira], senti arrepios. Percebi que não ia ser capaz de experimentar o mesmo entusiasmo com nenhuma outra coisa”.

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