Socorrista tenta salvar vítima de acidente mortal e só depois descobre que era sua filha

Montana, de 17 anos, tinha ferimentos graves e estava irreconhecível quando foi socorrida, e viria a morrer três dias depois do acidente.

Foto
Jayme Erickson numa conferência de imprensa na quarta-feira DR

Jayme Erickson, uma socorrista da província canadiana de Alberta, viveu o pior pesadelo da sua vida no dia 15 de Novembro, quando foi enviada para o local de um acidente de viação. Durante mais de 20 minutos, debaixo de temperaturas negativas, Erickson manteve-se ao lado de uma vítima que tinha sofrido ferimentos graves e que estava irreconhecível — sem saber que a adolescente que tinha ao seu lado era a sua única filha, Montana, que não sobreviveria aos ferimentos.

Na quarta-feira, Erickson surgiu rodeada pelos seus colegas e amigos no quartel dos bombeiros de Airdrie, nos arredores de Calgari, para falar aos jornalistas sobre a sua filha, e também sobre a forma como a família e toda a comunidade local está a lidar com uma “tristeza inimaginável”.

"O meu pior pesadelo como socorrista tornou-se realidade", disse Erickson numa mensagem publicada no Facebook, na sexta-feira passada, no dia em que foi tomada a decisão de retirar o suporte artificial de vida a Montana. “Era o meu sangue e a minha carne. A minha única filha. A minha filha, Montana. Os ferimentos dela eram tão horríveis, que eu nem sequer a reconheci.”

O acidente aconteceu na noite de 15 de Novembro, quando o carro em que Montana viajava, como passageira, se despistou e chocou de frente contra um camião.

“Quando chegámos ao local, encontrámos duas vítimas com ferimentos. A passageira estava encurralada e tinha ferimentos muito graves. Sentei-me ao lado dela e fui fazendo o que era possível enquanto os bombeiros tentavam libertá-la”, disse Erickson, na mensagem publicada no Facebook.

Na quarta-feira, na conferência de imprensa que decorreu no quartel dos bombeiros de Airdrie, um amigo e colega da socorrista, Richard Reed, disse que Erickson desabafou sobre o acidente com o namorado quando regressou a casa, na noite de 15 de Novembro. “Ela disse que se sentia frustrada por saber que uma família iria muito provavelmente perder uma filha, uma irmã e a uma neta. Pouco depois, a polícia bateu-lhe à porta.”

Ao saber que a filha também estivera envolvida num acidente de viação nessa mesma noite, Erickson dirigiu-se ao hospital acompanhada pelos agentes da polícia. “Ao entrar nas urgências, constatou, horrorizada, que a rapariga com quem estivera sentada no carro, a tentar mantê-la viva para que a família se pudesse despedir dela, era a sua própria filha”, disse Reed. “Sem saber, a Jayme tinha estado a manter a sua filha com vida.”

"O trauma da Jayme está a afectar os socorristas de todo o país”, disse uma outra colega de Erickson, Deana Davison, na quarta-feira. “Faz-nos recordar, mais uma vez, que este pesadelo horrível pode acontecer a qualquer um de nós.”

Sugerir correcção
Comentar