ONU diz que vídeo com execução sumária de soldados russos é autêntico

Gabinete dos Direitos Humanos analisou vídeo que mostra momento da morte de soldados russos. Ucrânia abriu investigação criminal após imagens serem tornadas públicas.

Foto
Confronto entre russos e ucranianos na origem do vídeo MARKO DJURICA / REUTERS

O Gabinete de Direitos Humanos da ONU considera que há uma “grande probabilidade” de o vídeo que mostra uma alegada execução de soldados russos na aldeia de Makiivka​ ser autêntico. O vídeo analisado mostra o momento em que os soldados russos se rendem perante a presença de tropas ucranianas. Enquanto vários estão deitados no chão com as mãos na cabeça, um dos russos – presume-se que o último que estava no esconderijo – abre fogo sobre os soldados ucranianos. Ouvem-se gritos seguidos de tiros, com a imagem a parar. O frame seguinte mostra os cadáveres de todos os soldados russos, contando-se entre os mortos os homens que já tinham apresentado rendição e não apresentavam qualquer ameaça.

“A nossa equipa de monitorização na Ucrânia fez uma análise preliminar, indicando que estes vídeos perturbadores são muito provavelmente autênticos no que mostram. As circunstâncias da sequência completa dos eventos tem de ser investigada com o maior detalhe possível, e os que forem considerados responsáveis têm de ser chamados a prestar contas”, confirmou Volter Türk, alto comissário para os Direitos Humanos.

O responsável já tinha apelado a Kiev que abrisse uma investigação ao caso, pedido a que a Ucrânia acedeu recentemente. “Percebemos que as autoridades ucranianas abriram uma investigação criminal aos acontecimentos em Makiivka. É essencial que todas as alegações de execuções sumárias sejam completamente investigadas de uma maneira que seja – e vista como – independente, imparcial, detalhada, transparente, imediata e eficaz”, prosseguiu Volter Türk.

O vídeo das acusações sumárias correu as redes sociais, sendo especialmente partilhado nos grupos dedicados à análise do conflito no Telegram. Dada a violência das imagens, foram apagadas entretanto várias publicações no Twitter e Facebook.

As mortes ocorreram na aldeia de Makiivka, na região de Lugansk, numa zona de combate em que os russos sofreram pesadas baixas. Após a divulgação do vídeo, o jornal norte-americano The New York Times confirmou que as imagens foram captadas numa quinta desta vila, através da comparação do local com imagens de satélite.

Com a confirmação destas imagens, o caso passa agora a ser considerado crime de guerra, de acordo com o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (TPI). Este documento considera como crime de guerra nos casos em que seja infligida “a morte ou ferimentos a um combatente que tenha deposto armas ou que, não tendo meios para se defender, se tenha incondicionalmente rendido”.

Sugerir correcção
Ler 25 comentários