Governo do Qatar terá chamado embaixador português por declarações “hostis”

Após ter dito para os “esquecermos”, Marcelo garantiu falar “sobre a questão dos direitos humanos” no Qatar. Governo do país terá considerado “hostis” declarações de representantes portugueses.

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As três figuras de estado mais importantes de Portugal vão estar na quinta-feira no Qatar Reuters/PETER CZIBORRA

O Governo do Qatar chamou esta quarta-feira o embaixador português em Doha, Paulo Pocinho, ao Ministério dos Negócios Estrangeiros. Segundo avançou a TVI/CNN, o vice-primeiro-ministro do Qatar terá mostrado o seu desagrado face a declarações de altas figuras do Estado português consideradas “hostis”.

De acordo com “informações recolhidas pela TVI/CNN Portugal”, o Governo do Qatar terá considerado inaceitáveis afirmações contra o Qatar, esclarecendo que só não serão tomadas medidas mais drásticas em nome da histórica amizade entre os dois países.

Em causa estarão as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, que, após ter dito para “esquecermos” o desrespeito do Qatar pelos direitos humanos, garantiu “dizer o que pensa sobre a situação política” e falar “sobre a questão dos direitos humanos” durante a viagem ao país para apoiar a selecção portuguesa.

Questionado pelo PÚBLICO, o Ministério dos Negócios Estrangeiros apenas confirma que “o embaixador de Portugal em Doha esteve, conforme prática habitual, no Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar, no quadro da preparação da deslocação do sr. Presidente da República Portuguesa ao país, por ocasião do Campeonato Mundial de Futebol”.

Além do chefe de Estado, estarão no Qatar o primeiro-ministro, António Costa, e o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva.

“O campeonato do mundo é lá [no Qatar] e quando lá formos não vamos seguramente apoiar o regime do Qatar, a violação dos direitos humanos e a discriminação contra as mulheres”, argumentou António Costa, também criticado pela deslocação ao país. “Vamos apoiar a selecção nacional, a selecção de todos os portugueses.”

Outra das figuras do Governo a pronunciar-se sobre a questão dos direitos humanos no Qatar foi o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo.

“Que este Mundial sirva também para chamar a atenção para as condições de trabalho dos imigrantes em todo o mundo, os ataques à liberdade e aos direitos humanos”, alertou. “São temas maiores do que qualquer jogo de futebol ou troféu.”

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