Montante médio dos novos empréstimos à habitação está a diminuir e taxas a subir

Contratos celebrados entre Julho e Setembro com taxa de juro acima dos 2%. Mais de 75% dos contratos existentes têm prestações entre 100 e 400 euros mensais.

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Acesso ao crédito à habitação está cada vez mais difícil com a subida das taxas de juros Miguel Manso

O reflexo da subida das taxas Euribor no conjunto dos contratos continua a fazer-se de forma moderada, ou seja, à medida que os contratos são revistos, sendo bem mais rápida nos novos contratos. Por essa razão, a taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação subiu 18,4 pontos base em Outubro, para 1,328% (1,144% em Setembro), mas nos contratos celebrados entre Julho e Setembro superou os 2%, passando de 1,775% em Setembro para 2,061% no mês seguinte.

Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados esta quarta-feira, revelam outra consequência esperada com a subida das taxas de juro, que é a redução do montante dos novos empréstimos. Enquanto para a totalidade dos contratos o montante em dívida continuou a subir – neste caso, 424 euros face ao mês anterior, fixando-se em 61.513 euros –, para os celebrados nos últimos três meses, o montante médio em dívida caiu 244 euros, para 130.628 euros.

A prestação média fixou-se em 279 euros, traduzindo uma subida de sete euros face a Setembro, e de 28 euros (ou 11,2%) comparativamente com Outubro de 2021.

Os dados do INE mostram, para os contratos celebrados entre Julho e Setembro, período em que as taxas Euribor subiram bastante, mas não tanto como em Outubro e já este mês - o que se reflectirá nos próximos meses -, o valor médio da prestação aumentou 18 euros, para 489 euros.

“A subida das taxas de juro nos últimos meses tem levado ao aumento significativo do valor médio da prestação do crédito à habitação. Em Outubro de 2022, a prestação média para “aquisição de habitação” foi 18,7% superior à do mês homólogo, enquanto o IPC registou uma taxa de variação de 10,1%”, destaca o INE. O instituto acrescenta que, “ainda assim, mais de 75% de contratos de crédito à habitação em vigor em Outubro de 2022 tinham uma prestação entre 100 e 400 euros mensais, e apenas 5% tinham uma prestação superior a 630 euros”.

Face ao conjunto dos empréstimos existentes, é destacada “a diferença significativa entre a média (305 euros) e a mediana (257 euros) em consequência da forte assimetria da distribuição. Com efeito, 25% dos contratos apresentam uma prestação superior a 355 euros e apenas 5% dos contratos uma prestação superior a 630 euros”.

Nos contratos celebrados em 2022, a prestação média (423 euros) e mediana (365 euros) são 38,7% e 42,0% superiores às da totalidade dos contratos, “mantendo uma distribuição assimétrica, com 95% dos contratos a apresentarem uma prestação inferior a 940 euros”.

O INE, que passou a divulgar mais informação sobre esta matéria, adianta ainda que os contratos celebrados desde o início deste ano apresentam valores contratados médios (131.000 euros) e medianos (117.000 euros) superiores à da totalidade dos contratos (95.000 euros e 81.000 euros, respectivamente). E que 90% dos contratos celebrados em 2022 apresentam um montante contratado entre 40.000 e 280.000 euros, contrastando com a totalidade dos contratos, que estão compreendidos na mesma proporção entre os 30 mil e os 200 mil euros.

Embora a um ritmo menor, as taxas Euribor continuam a subir, fixando esta quarta-feira novos máximos desde Fevereiro e Janeiro de 2009.

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