Activistas que se colaram a quadro de Van Gogh considerados culpados

Protesto pelo clima fez “estragos consideráveis” na moldura da pintura de Van Gogh. Activistas têm usado arte para se manifestarem contra os combustíveis fósseis.

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Os dois activistas climáticos que se colaram em protesto a um dos quadros de Van Gogh em Londres, a 30 de Junho DR

Dois activistas climáticos do movimento Just Stop Oil foram considerados culpados por terem causado crimes contra a propriedade ao estragarem a moldura de uma pintura de Vicent Van Gogh, depois de se terem colado a ela em forma de protesto, noticiam a BBC e o jornal The Guardian. O caso aconteceu a 30 de Junho na galeria de arte Courtald Gallery, em Londres.

Os activistas têm 23 e 24 anos, segundo o Guardian, e provocaram danos no valor de cerca de 2000 libras esterlinas (o equivalente a 2314 euros) na moldura do quadro Pessegueiros em flor, do pintor holandês Vincent van Gogh. A pintura de 1889 não sofreu danos, disse-se na audiência de julgamento que aconteceu na terça-feira.

Como explica o Guardian, a moldura é ainda mais antiga do que o quadro e data do século XVIII. Segundo a juíza da comarca Neeta Minhas, a moldura sofreu danos permanentes.

“Não está num estado em que possa retomar o seu estado original”, explicou ainda. “A pintura tem uma importância histórica e artística valiosa e considero que os estragos são consideráveis. Não são pequenos, insignificantes, temporários ou triviais”, referiu a juíza, citada pelo Guardian.

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Os protestos de desobediência civil pelo clima não são de hoje, mas têm acontecido com regularidade nos últimos dias — e já resultaram em múltiplas detenções. Os manifestantes, que dizem evitar a violência, descrevem as suas acções como acções de “disrupção pacífica”.

Daniel Dias,Tiago Lopes

Durante a audiência foram ainda mostradas imagens das câmaras de segurança que mostram que os dois activistas chegaram ao edifício por volta das 15h30 de dia 30 de Junho e que compraram bilhetes para uma exposição. Depois, tiraram os seus casacos, ficando com uma camisola de manga curta laranja com as palavras “Just stop oil” (Acabem com o petróleo) – e colaram-se à obra de arte.

Na sequência desse protesto, um dos activistas ficou preso durante três semanas e a outra activista ficou com pena suspensa, ainda que esteja a ser monitorizada de forma electrónica durante seis semanas. Os activistas alegaram que estavam a expressar a sua opinião e que não pensavam que a obra de arte sofreria grandes danos. E disseram que estavam a alertar para a sustentabilidade da vida na Terra, em risco devido à crise climática.

Um outro activista de 21 anos também foi denunciado por “distrair os guardas” enquanto os outros dois activistas se colavam ao quadro de van Gogh, mas a acusação acabou por cair. Ainda assim, foi multado por não ter comparecido na primeira audiência.

Colados na arte

Esta não é a primeira vez que os activistas climáticos se manifestam contra os combustíveis fósseis usando arte: um dos casos mais falados das últimas semanas foi o das activistas que atiraram sopa de tomate à pintura Girassóis, também de Van Gogh, e que depois se colaram à parede onde estava exposta a obra. O episódio aconteceu em Outubro e as activistas defendem que não causaram danos à moldura nem à pintura (que estava protegida por um vidro).

Pelo mundo, os activistas também atiraram um líquido preto à pintura Morte e Vida de Gustav Klimt, em Viena; atiraram puré de batata na Alemanha contra um quadro de Claude Monet; atiraram cola ao quadro O Grito, de Edvard Munch, em Oslo, contra a actividade petrolífera da Noruega; colaram-se a um quadro de Andy Warhol na Austrália; colaram-se a molduras de Francisco de Goya em Madrid; e colaram-se ao quadro A Rapariga com Brinco de Pérola, de Johannes Vermeer, nos Países Baixos.

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