Sismo na Indonésia vitimou sobretudo crianças que estavam nas aulas

Um dia depois do sismo que abalou a ilha mais populosa do arquipélago, matando 252 pessoas, continuam as operações de resgate, mas as condições são difíceis.

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Pessoas abrigam-se depois do sismo na ilha de Java Ocidental, na Indonésia ADI WEDA/EPA

Entre as vítimas do sismo que abalou a ilha mais populosa da Indonésia na segunda-feira estavam muitas crianças, que se encontravam nas escolas na altura do desastre. As operações de resgate para tentar encontrar sobreviventes entre os escombros continuam, um dia depois do abalo, mas os trabalhos têm enfrentado várias dificuldades.

Aprizal Mulyadi, um rapaz de 14 anos, apenas sobreviveu ao sismo que atingiu Java Ocidental porque o seu amigo Zulfikar o puxou, ajudando-o a libertar-se das pedras que cobriam o seu corpo. Zulfikar acabaria por ficar preso debaixo de destroços, morrendo, disse Aprizal à BBC. “A sala colapsou e as minhas pernas ficaram enterradas debaixo das pedras”, descreveu o jovem.

O balanço mais recente do governo regional aponta para 252 mortos, 31 pessoas desaparecidas, 377 feridos e 7060 desalojados. No entanto, as autoridades avisam que estão a trabalhar “sob a premissa de que o número de feridos e [mortos] irá subir com o tempo”, disse o governador de Java Ocidental, Ridwan Kamil.

O sismo de magnitude 5,6 teve epicentro na cidade de Cianjur, uma região densamente habitada e onde os edifícios são construídos com materiais frágeis. Depois do primeiro abalo, seguiram-se dezenas de réplicas ao longo do dia. Mais de 2200 casas foram totalmente destruídas, segundo as autoridades locais.

O terreno montanhoso e os constantes desabamentos de terra dificultam os trabalhos de resgate. O Presidente indonésio, Joko Widodo, deslocou-se esta terça-feira a Cianjur para prestar solidariedade às vítimas e apoiar as operações de salvamento. “As minhas instruções são as de que se dê prioridade à retirada de vítimas ainda presas debaixo dos escombros”, afirmou.

Os serviços hospitalares ficaram rapidamente lotados perante o enorme número de feridos a chegar. Jornalistas locais dizem que há feridos deixados em colchões e cobertores no chão dos hospitais e em tendas improvisadas. Por causa dos cortes de electricidade, alguns hospitais tiveram de funcionar sem luz.

Entre as vítimas está um grande número de crianças que na altura do sismo se encontravam nas escolas. “A maioria das vítimas são crianças porque à uma da tarde eles ainda estavam na escola”, disse Henry Alfiandi, especialista da Agência Nacional de Buscas e Resgates. O governador de Jacarta Ocidental sublinhou que “muitas escolas islâmicas” foram atingidas pelo abalo.

Informações preliminares divulgadas pela organização Save the Children contabilizam pelo menos 51 edifícios ligados ao sector escolar afectados, incluindo 30 escolas primárias, 12 escolas de ensino básico, um liceu, cinco escolas profissionais e uma escola de cuidados especiais.

Os sismos são ocorrências comuns na Indonésia, um arquipélago que se estende na região do chamado “Anel de Fogo do Pacífico”, marcado por uma intensa actividade tectónica responsável pela incidência frequente de fenómenos geológicos.

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