Num estádio fora da cidade, os migrantes viram o arranque do Mundial do Qatar à distância

Reuters/MARKO DJURICA
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A tirar selfies nas bancadas e sentados no relvado, milhares de trabalhadores migrantes reuniram-se num estádio nos arredores de Doha, capital do Qatar, para assistir ao jogo de abertura do primeiro Campeonato do Mundo no Médio Oriente.

A fan zone montada na zona industrial na periferia da cidade incluía um estádio com um ecrã gigante e um outro grande ecrã montado no exterior para uma multidão, mesmo ao lado de vários campos de trabalhadores onde vivem muitas das centenas de milhares de operários, de baixos rendimentos, do Qatar.

"Estamos aqui para desfrutar do resultado do nosso suor", disse Ronald Ssenyondo, um ugandês de 25 anos de que, neste domingo, estava a torcer pelo Qatar. Aqui viveu durante dois anos, trabalhando longas horas sob o sol para ajudar na construção dos estádios onde o torneio acontece. "Estou simplesmente esmagado com as coisas que estou a ver agora", revelou à Reuters.

Este país rico produtor de petróleo é o lar de 2,9 milhões de pessoas, a grande maioria das quais trabalhadores estrangeiros, desde operários da construção civil com baixos rendimentos até executivos com muito poder.

Grupos de defesa dos direitos humanos acusaram as autoridades de não protegerem os trabalhadores com rendimentos mais reduzidos — incluindo os que construíram os estádios e hotéis para acolher os adeptos do Campeonato do Mundo do excesso de trabalho, dos salários não pagos e das más condições de vida.

O governo alega ter aprovado reformas laborais, incluindo um salário mínimo mensal de 1000 riais do Qatar (cerca de 275 euros), mais do que muitos podem ganhar em casa.

Os bilhetes para a abertura custaram, em média, 200 dólares  mas a entrada na fan zone no subúrdio industrial era gratuita. Milhares de pessoas juntaram-se para aplaudir o Qatar, que não conseguiu evitar a derrota frente ao Equador. Alguns disseram à Reuters que era o mais próximo que chegariam de um jogo durante a duração do evento.

"Estou a apoiar as minhas irmãs e irmãos na Etiópia, enviando dinheiro de volta, por isso venho aqui porque os bilhetes são demasiado caros", disse Ali Jammal, 26 anos, que trabalha no Qatar há cinco anos.

Uma enfermeira do Nepal uma das poucas mulheres presentes disse que não seria capaz de assistir a mais jogos por causa dos longos turnos no hospital onde trabalha.

Mohammad Ansar, um indiano de 28 anos que trabalha no Qatar desde o início de 2022, disse que era voluntário da FIFA em dois dos próximos jogos, pelo que entraria para os ver ao vivo. Mas, neste domingo, sentiu-se agradecido por estar com outros trabalhadores a assistir num ecrã embora a derrota do Qatar tenha sido uma desilusão.

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