O inverso de pintar um clima

Enquanto o mundo discute acaloradamente geoestratégia em Bali, entre nós continua a discutir-se a mobília.

Desde que começou a guerra na Ucrânia, já terei feito meia dúzia de tapetes. Mas foi ainda no tempo da pandemia — a qual precedeu praticamente sem intervalo o tempo da guerra — que teve início o meu interesse pela urdidura dos fios. Um interesse tardio, inesperado, tanto mais que pertenço a uma colheita que abominava as aulas de lavores femininos, então ministradas por mulheres de humores instáveis a roçar a histeria freudiana — ora de uma rigidez castrense, ora de um desvelo untuoso —, com os seus napperons em ponto cruz a preceito e as suas botinhas para bebé em lã, tão fatais como o destino já traçado dos pobrezinhos a quem seriam entregues no Natal.

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