Portugal contribui com 20 militares para a missão da UE que vai treinar soldados ucranianos

Secretário-geral da NATO avisa que não se deve cometer o erro de subestimar a Rússia, e ministros da Defesa da UE garantem que o apoio militar à Ucrânia vai continuar.

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A ministra da Defesa diz que os militares portugueses vão contribuir para as acções de formação básica, treino de tiro, desminagem e ainda na área médica LUÍS FORRA/LUSA

Portugal vai participar com 20 militares na primeira missão europeia de assistência e treino das Forças Armadas da Ucrânia, que vai envolver a formação básica e especializada de 15 mil soldados em duas bases distintas na Alemanha e na Polónia, já a partir de Janeiro.

Segundo a ministra da Defesa, Helena Carreiras, os militares portugueses vão contribuir para as acções de formação básica, treino de tiro, desminagem e ainda na área médica, que vão decorrer nos dois Estados-membros.

Em cima da mesa está também “a possibilidade da oferta de módulos de formação em vários outros países”, e, eventualmente, a organização de acções de treino em território português, “se for adequado à formação em causa”, afirmou Helena Carreiras, à saída de uma reunião do Conselho de Negócios Estrangeiros na formação da Defesa, esta terça-feira, em Bruxelas.

A missão de assistência e treino militar, actualmente em fase de preparação, “está no cerne dos nossos esforços para o apoio à Ucrânia”, destacou o Alto Representante para a Política Externa e de Segurança da UE, Josep Borrell, que no final do encontro informou que 20 Estados-membros estarão envolvidos na operação, que será coordenada com aliados e parceiros da União Europeia.

Além das necessidades de treino das tropas ucranianas, os ministros da Defesa também avaliaram outros pedidos vindos de Kiev, nomeadamente para o fornecimento de material e equipamento militar. “As armas e os equipamentos enviados pela UE estão a fazer a diferença no terreno. A Ucrânia está a ser capaz de resistir à agressão russa e de tomar a ofensiva”, afirmou Josep Borrell, garantindo que “as transferências vão continuar”.

Num momento em que as reservas de guerra dos 27 estão em baixa, por causa do apoio à Ucrânia, os ministros avaliaram uma proposta do Alto Representante para a compra conjunta de material.

“A ideia é organizar para a defesa algo como se organizou para as vacinas”, comparou Helena Carreiras, acrescentando que o objectivo é “ter um programa que evite a corrida independente e autónoma de cada país a estes bens escassos, numa altura em que as indústrias têm também limitações”.

De acordo com a ministra da Defesa, oito Estados-membros manifestaram já o seu interesse em agrupar as suas necessidades e avançar com aquisições conjuntas de munições, sistemas de combate do soldado e na área da defesa biológica, radiológica, química e bacteriológica.

Aliados não subestimam a Rússia

A meio da reunião do Conselho da UE, os ministros foram informados da ocorrência de novas explosões na capital da Ucrânia. “Estávamos justamente a almoçar e a falar com o ministro [da Defesa ucraniano] Oleksii Reznikov quando chegou a informação dos bombardeamentos, talvez dos mais sérios desde o início da guerra”, revelou Helena Carreiras, que deu nota da apreensão manifestada pelos 27.

“Congratulamo-nos com os avanços da Ucrânia [no terreno de guerra] mas não podemos subvalorizar aquilo que são os desafios e a capacidade que a Rússia tem e que estará a procurar reforçar, para se reorganizar”, considerou.

O mesmo aviso foi deixado pelo secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, que também se juntou à reunião do Conselho da UE. “Não podemos cometer o erro de subestimar a Rússia, que mantém capacidades significativas e um elevado número de tropas na Ucrânia”, vincou.

Tanto Reznikov, como Stoltenberg, apresentaram aos 27 uma actualização da situação militar na Ucrânia, confirmando que as tropas de Kiev já conseguiram recuperar 50% do território sob ocupação do Exército russo depois da invasão de 24 de Fevereiro.

Os dois responsáveis deram conta das manobras da Rússia, que está a tentar restaurar uma nova frente de combate no Leste da Ucrânia, e, no Sul, a utilizar o rio Dniepre como nova linha de defesa depois da retirada da cidade de Kherson. “Enquanto isso, Kiev estava sob ataque de drones”, lamentou Borrell.

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