Kari Lake, apoiante de Trump, perde corrida para governadora do Arizona

A candidata a governadora do estado defendia a falsa teoria do ex-Presidente sobre fraude eleitoral nas eleições de 2020.

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A candidata republicana Kari Lake perdeu no Arizona a corrida para governadora BRIAN SNYDER/Reuters

A democrata Katie Hobbs venceu a republicana Keri Lake na eleição para governadora do Arizona, segundo a Associated Press. Esta é considerada uma das votações mais importantes já que o estado pode ter um papel importante nas próximas eleições presidenciais em 2024. Em 2020, Biden derrotou Trump no Arizona com uma vantagem de apenas 11 mil votos, quebrando um ciclo de 20 anos de vitórias republicanas no estado.

Esta corrida no Arizona foi, descreve o diário The New York Times, “amarga e analisada com muita atenção” já que “se transformou num teste final para ver se candidatos moldados à imagem de Trump podiam ganhar nos battleground states”, os estados competitivos que oscilam entre vitórias democratas ou republicanas e podem decidir eleições presidenciais.

A derrota de Lake é mais uma numa série de outros candidatos apoiados por Trump, que se espera que anuncie esta terça-feira a sua candidatura à Casa Branca em 2024, apesar de a situação não lhe ser tão favorável como era esperado na véspera das eleições. Também na Pensilvânia, Michigan e Wisconsin os eleitores rejeitaram candidatos que negavam o resultado eleitoral de 2020.

Hobbs reagiu aos resultados no Twitter, dizendo que “pela democracia vale a pena esperar”, e prometeu aos eleitores que não a apoiaram que trabalharia também para eles, “porque neste momento de divisão, acredito que há muito mais que nos une”.

Já Lake mostrou desprezo e pareceu não reconhecer o resultado, dizendo num tweet que os habitantes do Arizona percebem quando os estão a tentar enganar.

A democrata apresentou-se nesta corrida como uma alternativa moderada a uma candidata extremista, argumentando, diz o jornal The Washington Post, que esta iria levar o estado para uma situação caótica se fosse eleita. Também apelou a republicanos moderados, contando com algum apoio de alguns descontentes com Trump, incluindo familiares do senador John McCain, que durante décadas representou o estado, em dois mandatos como congressista e seis como senador, e foi uma das vozes que desafiou Trump, até ter morrido em 2018.

Enquanto secretária de Estado do Arizona, Hobbs supervisionou a eleição presidencial no Arizona e defendeu o resultado contra as falsas alegações de Lake de que o resultado das presidenciais foi fraudulento.

Lake fez desta fraude eleitoral inventada um dos temas centrais da sua campanha. Prometeu acabar com o sistema de votos por correspondência, que foram alvo de uma campanha para serem desacreditados levada a cabo pelo ex-Presidente e por algumas figuras republicanas que o apoiam.

A vitória de Hobbs no Arizona é mais uma boa notícia para o Partido Democrata, que manteve o controlo do Senado depois de duas vitórias, uma delas no Arizona e outra no Nevada (com 50 senadores para cada partido e a vice-Presidente, Kamala Harris, a ter o voto de desempate). O partido pode sonhar com uma maioria sem precisar deste voto se o senador Raphael Warnock conseguir manter o lugar face ao republicano Herschel Walker na segunda volta da eleição, a 6 de Dezembro. O site Fivethirtyeight defende que apesar de ser uma corrida muito disputada, Warnock terá vantagem sobre Walker.

As vitórias democratas numa série de corridas para eleger governadores, congressistas e senadores surpreenderam numas eleições em que se esperava uma “onda republicana” e que o Partido Democrata fosse castigado pelos eleitores por causa da inflação e subida de preços do combustível e de alimentos. Mas muitos democratas foram às urnas, em parte mobilizados pela decisão do Supremo reverter a protecção constitucional ao direito ao aborto.

Ainda assim, os republicanos devem conseguir uma maioria na Câmara dos Representantes, nesta terça-feira, segundo o New York Times, faltava apenas um lugar para conseguirem a maioria.

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