Alunas em protesto pelo clima detidas depois de se colarem à porta do ministério

Alunos têm estado em protesto pelo clima e uma das exigências é a demissão do ministro da Economia. António Costa Silva recebeu representantes do movimento e cinco activistas acabaram por ser detidas.

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Alunos colaram-se ao chão da entrada do ministério da Economia Nuno Ferreira Santos
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Protestos dos estudantes e activistas no edifício do Ministério da Economia Nuno Ferreira Santos
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Protestos dos estudantes e activistas no edifício do Ministério da Economia Nuno Ferreira Santos
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Protestos dos estudantes e activistas no edifício do Ministério da Economia Nuno Ferreira Santos
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Protestos dos estudantes e activistas no edifício do Ministério da Economia Nuno Ferreira Santos
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Alunos colaram-se ao chão da entrada do ministério da Economia Nuno Ferreira Santos
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Os alunos a ser recebidos esta terça-feira pelo ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva Nuno Ferreira Santos
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Uma das exigências dos alunos em protesto é a demissão do ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva Nuno Ferreira Santos
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Alunos colaram-se ao chão da entrada do ministério da Economia Nuno Ferreira Santos
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Alunos colaram-se ao chão da entrada do ministério da Economia Nuno Ferreira Santos
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Alunos foram retirados pela polícia Nuno Ferreira Santos
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Alunos foram retirados pela polícia Nuno Ferreira Santos
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Protestos dos estudantes e activistas no edifício do Ministério da Economia Nuno Ferreira Santos
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Protestos dos estudantes e activistas no edifício do Ministério da Economia Nuno Ferreira Santos
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Protestos dos estudantes e activistas no edifício do Ministério da Economia Nuno Ferreira Santos

As alunas em protesto pelo clima que se reuniram com o ministro da Economia nesta terça-feira, em Lisboa, saíram do encontro e colaram as mãos no chão, à entrada do ministério. Disseram que tinham apresentado uma proposta de carta de demissão a António Costa Silva​, que recusou. Durante a conferência de imprensa com o ministro, numa sala mais interior do ministério, as alunas que estavam coladas na entrada foram retiradas pela polícia.

Teresa Núncio foi uma das estudantes que estiveram na reunião e que se colou na entrada do ministério. “Não somos nós que temos de ser retiradas, é o ministro”, disse ao PÚBLICO a aluna de 21 anos, que estuda na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. Na reunião, conta, exigiram a demissão do ministro António Costa Silva e leram-lhe a carta de demissão proposta. “Recusou e nós saímos. Houve diálogo sem frutos”, refere.

As cinco activistas foram detidas e levadas para a esquadra da PSP na Rua da Palma, tendo saído da 4.ª esquadra depois das 22h00, mais de quatro horas após a detenção. Serão ouvidas em tribunal na quarta-feira.

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Os estudantes em manifestação esta terça-feira em Lisboa, antes de irem para o encontro com o ministro da Economia Nuno Ferreira Santos

Os cerca de 50 manifestantes que se encontravam no ministério dirigiram-se para a esquadra “para demonstrar solidariedade” às activistas que se tinham colado no ministério.

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As jovens colaram-se ao chão depois da reunião, mesmo na entrada do Ministério da Economia e do Mar NFS Nuno Ferreira Santos

Sentada no chão ao lado de Teresa estava Raquel Alcobia, de 19 anos. Foi uma das activistas que tinham invadido no sábado o edifício onde então se encontrava o ministro e esteve também na reunião desta terça-feira com António Costa Silva. À saída da reunião, as alunas apressaram-se para que se conseguissem colar ao chão, e a polícia formou um cordão na porta do ministério para evitar a entrada de estudantes. Antes da reunião, ainda no Largo Camões, Raquel contava ao PÚBLICO que queria que a semana de luta estudantil fosse também ouvida no espaço do ministério. “Queremos que as nossas reivindicações sejam ouvidas”, disse.

Aos jornalistas, o ministro disse que o diálogo com os jovens era importante, mas que se tinha de “respeitar a legalidade”. E afiançou que não se ia demitir. Da sala onde falava António Costa Silva, ouviam-se os gritos dos estudantes no exterior.

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As estudantes acabaram por ser retiradas pela polícia NFS Nuno Ferreira Santos

“Só saímos daqui quando o ministro sair também”, disse uma das alunas através do megafone, depois de ler em voz alta, à porta do ministério, a carta de demissão que os próprios estudantes escreveram e apresentaram a António Costa Silva. Mas a promessa não pôde ser cumprida: a polícia acabou por retirar as alunas enquanto decorria a conferência de imprensa com o ministro.

Em comunicado, a PSP diz que as jovens detidas já foram libertadas. “Tendo sido comunicado ao responsável da força policial que não havia autorização para permanecerem naquele local, foi estabelecido contacto com as jovens para as demover e desimpedir a entrada e saída do edifício”, lê-se na nota divulgada por email pela PSP.

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Alunos entoaram cânticos e pediram a demissão do ministro António Costa Silva NFS Nuno Ferreira Santos

Cinco das activistas “não acataram a ordem” e foram detidas por desobediência à ordem das autoridades. Foi utilizada a “força estritamente necessária à sua remoção”, diz a polícia. Depois, as estudantes foram libertadas e notificadas para comparecer no dia 16 de Novembro na Instância Local Criminal de Lisboa, secção de pequena criminalidade.

A manifestação “Parar o gás, parar Costa Silva” tinha começado às 16h desta terça-feira, no Largo Camões, em Lisboa. “Sabemos que só chegámos até aqui e estas seis pessoas só são recebidas porque somos um movimento de milhares”, disse uma das estudantes no Largo Camões, projectando a sua voz com a ajuda de um megafone. “E vamos continuar a ser cada vez mais.”

Ao início, com chuva, os manifestantes eram pouco mais de 20, mas foram chegando reforços depois de se dirigirem para o Ministério da Economia e do Mar, a poucos passos dali, entoando cânticos de protesto. A manifestação foi convocada pelo movimento “Fim ao fóssil: ocupa” e pela campanha “Gás é Andar para Trás” e antecedeu o encontro dos alunos com o ministro da Economia e do Mar.

Quando chegaram à porta do ministério, os activistas encontraram mais de uma dezena de polícias que aguardavam a chegada do protesto, com grades que protegiam a entrada do edifício. Deixaram entrar apenas os jornalistas e as seis alunas para a reunião com o ministro. O encontro durou menos de meia hora.

Ministro “preparado para ouvir”

O ministro tinha anunciado na segunda-feira que convidou os representantes do movimento “Fim ao fóssil: ocupa” para um encontro às 17h desta terça-feira. Este movimento é organizado pela Greve Climática Estudantil e é composto por alunos da escola artística António Arroio, Escola Secundária de Camões (mais conhecida por Liceu Camões), pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa, pelo Instituto Superior Técnico (IST), pela Faculdade de Letras e pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

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A reunião com o ministro e as alunas dos seis núcleos de ocupação das escolas e faculdades Nuno Ferreira Santos

Os alunos dos seis núcleos em protesto têm ocupado as escolas na última semana e pedem a demissão do ministro “devido ao favorecimento sistemático da indústria fóssil”, por ter sido até ao ano passado presidente da Partex, uma gestora de activos petrolíferos que era detida pela Fundação Gulbenkian e que foi vendida à empresa tailandesa de exploração e produção de petróleo PTT.

“Não podemos construir um país com futuro sem os jovens. Estava preparado para os ouvir”, afirmou o ministro nesta terça-feira, dizendo que os jovens não traziam qualquer proposta além da da sua demissão. “Eles não querem discutir estas questões e soluções e centraram-se no meu passado, no meu percurso”, disse ainda aos jornalistas. António Costa Silva diz que tem estado em contacto com o primeiro-ministro, que “está muito tranquilo”, e também com o ministro do Ambiente e da Acção Climática, Duarte Cordeiro.

“A ironia disto tudo é que não é este o ministério que gere o ambiente e a energia”, disse o ministro.

No sábado, durante uma marcha “contra o fracasso climático”, dezenas de manifestantes invadiram um edifício em Lisboa onde se encontrava o ministro. Os alunos convidaram ainda António Costa Silva para assistir na segunda-feira a uma palestra sobre crise climática no Liceu Camões, mas o governante não aceitou o convite e decidiu antes receber os estudantes no ministério. O ministro acabou por dizer que a manifestação era “absolutamente legítima” e que estava solidário com os movimentos climáticos, afirmando ainda que não tem sido apologista de maior uso do petróleo.

Os activistas climáticos pedem também o fim da exploração e utilização de combustíveis fósseis até 2030. E têm outras reivindicações, dependendo de escola para escola e não necessariamente ligadas à crise climática, incluindo maior apoio à habitação, mais formas de lidar com assédio nas universidades, melhoria da eficiência energética nas instalações de ensino, casas de banho neutras em género, alimentação mais acessível nas cantinas, mais espaços de estudo, mais espaços verdes.

Estas manifestações coincidem com o período em que decorre a Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP27). Os estudantes bloquearam a entrada da escola artística António Arroio na quinta-feira e da Escola Secundária de Camões na segunda-feira. Na sexta-feira à noite, quatro estudantes foram detidos enquanto ocupavam de forma pacífica a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL). Os alunos foram ouvidos esta segunda-feira pelo Ministério Público e recusaram a suspensão provisória do processo, escolhendo ir a julgamento. Já na noite de segunda-feira, os jovens terminaram as suas acções de ocupação das escolas e faculdades.

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