Projecto português tem 2,1 milhões de euros para estudar uso de vacinas nos tumores avançados

O projecto junta especialistas do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, do IPO do Porto, da Faculdade de Ciências e Tecnologia e da empresa Stemmatters.

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O projecto vai explorar um “novo paradigma de combate ao cancro”, refere a equipa que o compõe Fábio Augusto

Investigadores do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (Cintesis) integram um projecto que, financiado em 2,1 milhões de euros, pretende explorar a utilização das “promissoras” vacinas antitumorais no tratamento de tumores avançados, foi revelado esta segunda-feira.

Em comunicado, o centro da Universidade do Porto revela que o projecto junta também especialistas do Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO-Porto), da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e da empresa portuguesa Stemmatters. O projecto, financiado em 2,1 milhões de euros pelo programa Portugal 2020, visa associar a utilização de vacinas antitumorais de células dendríticas com anticorpos para o tratamento de tumores.

Destacando que os dados disponibilizados pela Direcção-Geral de Saúde (DGS) mostram que “a incidência das doenças oncológicas tem aumentado em Portugal, a par da mortalidade”, o Cintesis diz ser “crucial” desenvolver novos tratamentos que se tornem eficazes “nos casos mais difíceis” de cancro, abrindo assim uma “janela de esperança” nos casos considerados incuráveis.

Citado no comunicado, o médico Júlio Oliveira, do IPO-Porto, esclarece que o projecto vai debruçar-se sobre as vacinas antitumorais baseadas em células dendríticas, que constituem “uma imunoterapia atractiva” devido à sua capacidade de activar os linfócitos T e “induzir resposta imunológica, protegendo os doentes da progressão tumoral e possíveis recidivas”. “Estudos recentes revelam que apenas 10 a 25% dos doentes respondem bem a esta abordagem terapêutica”, destaca, no entanto, o Cintesis.

Perante estes dados, os investigadores vão testar a associação das “promissoras” vacinas com o uso de outros fármacos conhecidos com “anticorpos inibidores de checkpoints imunitários”. “Espera-se que a combinação das duas estratégias de combate ao cancro crie uma sinergia terapêutica que resulte em maiores benefícios para os pacientes”, lê-se no documento.

De acordo com os investigadores, o projecto vai explorar um “novo paradigma de combate ao cancro”, ao combinar tecnologias de manipulação de células do sistema imunitário e de “bloqueio” dos mecanismos de controlo da resposta imunitária. O projecto, intitulado DC Matters, vai ainda permitir desenvolver e fabricar “uma terceira geração de células dendríticas com maior capacidade de indução de resposta antitumoral”.

No decorrer da investigação será também desenhado um ensaio clínico em doentes já candidatos para tratamento com inibidores de checkpoints imunitários. “O projecto promete estabelecer capacidade de fabrico industrial de novas imunoterapias celulares, contribuindo para o desenvolvimento clínico de imunoterapias inovadoras no nosso país”, acrescenta o coordenador do projecto e director-executivo da Stemmatters, Rui Sousa.

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