Joni Mitchell revela a Elton John um novo álbum a caminho

Revelação foi feita em Rocket Hour, programa de Elton John na Apple Music. Disco regista o recente concerto no Newport Folk Festival, o primeiro desde o aneurisma que a artista sofreu em 2015.

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Joni Mitchell foi homenageada o ano passado pelo presidente americano, Joe Biden, no Kennedy Center, em Washington Reuters/TOM BRENNER

O regresso vem-se fazendo, passo a passo, depois do aneurisma que Joni Mitchell sofreu em 2015 e que a deixou temporariamente incapaz de andar ou falar. Cinco anos depois, este Verão, cantou e tocou guitarra no Newport Folk festival, onde actuara pela pela primeira vez em 1967, e a gravação desse concerto poderá resultar no seu primeiro álbum desde Shine, editado em 2007. A revelação foi feita a Elton John durante a entrevista que o músico fez a Mitchell para o seu programa de rádio na Apple Music, Rocket Hour.

A conversa entre ambos, contemporâneos que tiveram o seu pico de sucesso e influência no final da década de 1960 e nos anos 1970, teve lugar na casa de Joni Mitchell, na Califórnia, na mesma sala em que a autora de Both sides now organizou, após o aneurisma, uma série de Joni Jams para ajudar no seu processo de recuperação.

Tratava-se então, basicamente, de chamar até si músicos amigos, seus conhecidos ou admiradores, e de gastar algumas horas a trocar canções. Elton John foi um dos convivas (Herbie Hancock e Paul McCartney também marcaram presença) e tornou-se particularmente próximo da cantora canadiana nesse período. O cenário do concerto de Newport, de resto, reproduzia a sala onde decorriam as Joni Jams, incluindo a cadeira onde a cantora se sentou e da qual se levantou uma única vez para tocar o solo de guitarra de Just like this train.

Organizado pela cantora country Brandi Carlile, o concerto de Newport contou com a participação daquela e de nomes como Marcus Mumford, Blake Mills ou Wynonna Judd. Do alinhamento constavam clássicos com Both sides now, The circle game, Big yellow taxi ou Case of you. Para o ano, refere a BBC, está marcado novo regresso aos palcos. Acontecerá dia 9 Junho no Gorge Amphiteatre, em Washington, integrado no festival Echoes Through the Canyon.

Após o aneurisma, Joni Mitchell teve de reaprender a cantar (o tom de voz mudou de soprano para alto, conta na entrevista) e a tocar guitarra, o que fez vendo vídeos antigos seus e observando atentamente a posição dos dedos sobre as cordas.

Aclamada por álbuns como Ladies of the Canyon ou Blue como uma das vozes mais importantes da história da música nos últimos 60 anos, tanto pelas suas qualidades enquanto compositora como pela forma como fez das canções espaço de reflexão e exposição de intimidade, de uma perspectiva feminina a que não acedêramos, desta forma, até então, Joni Mitchell confessa a Elton John, na entrevista disponibilizada este sábado, ter sentido que com a sua escrita e interpretação deixou “as pessoas nervosas” nos anos 1960 e 1970. Em particular, “os homens cantautores”: “As pessoas acharam que era demasiado íntimo. Foi quase como o Dylan quando se tornou eléctrico”, compara. “Foi preciso chegar a esta geração, eles parecem ser capazes de encarar aquelas emoções mais facilmente do que a minha geração.”

Olhando para o todo da sua vida, há uma convicção que permanece. Defende que Chuck Berry, um dos pioneiros do rock’n’roll, é o “goat”, acrónimo de “greatest of all time” ("o melhor de sempre"). E há uma indignação que não se desvanece, neste caso, em relação à eterna capacidade auto-destruidora da Humanidade. “É aquele velho pensamento hippie do façam amor, não a guerra… seria de pensar que iríamos abrir os olhos e cuidar da situação ecológica em vez de começar guerras”, lamenta a cantora que completou 79 anos há cerca de uma semana, no dia 7 de Novembro.

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