Maioria dos portugueses disponível para usar máscara ou manter distanciamento

Dados apresentados pela Escola Nacional de Saúde Pública referem que mais de metade dos respondentes rejeita medidas de protecção que condicionem as relações com família e amigos.

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Segundo o estudo, 65% dos participantes consideram ter risco moderado ou elevado de ficar infectado com covid-19 Paulo Pimenta

A maioria dos inquiridos num estudo da Escola Nacional de Saúde Pública mostra-se disponível para usar máscara ou manter distanciamento físico, mas mais de metade rejeita medidas de protecção que condicionem as relações com família e amigos.

Outra conclusão do Barómetro Covid-19: Opinião Social, apresentado nesta sexta-feira pela directora da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa (ENSP-Nova) na reunião de peritos para avaliar a “situação epidemiológica em Portugal”, aponta que 83% consideram que a covid-19 teve impactos negativos nas suas vidas e das suas famílias e na saúde mental.

“Importa frisar que a dimensão das relações sociais foi precisamente aquela em que foram reportados mais impactos negativos da pandemia, com potenciais efeitos a médio-longo prazo”, disse Sónia Dias citada num comunicado da ENSP-Nova. Para a coordenadora do estudo, “o suporte social constitui um importante factor de amortecimento de impactos negativos em contextos de crise pelo que é importante reforçar estratégias promotoras da coesão social e do bem-estar individual e colectivo”.

No centro das preocupações para 66% dos inquiridos está a recuperação dos efeitos negativos nas relações com familiares e amigos, que se traduziram num maior isolamento e redução dos contactos. Um terço dos participantes reportou um agravamento da saúde mental, incluindo sofrimento psicológico (ansiedade e depressão), embora uma pequena minoria tenha relatado uma maior sensação de bem-estar e qualidade de vida.

“De facto, o que é apontado como um contexto de adversidade pela maioria parece ter-se traduzido numa oportunidade para alguns: a obrigatoriedade de teletrabalho e os períodos de confinamento, que representaram para a maioria uma elevada sobrecarga, cansaço e factor de stress, para outros permitiram estreitar laços familiares e passar mais tempo de qualidade com a família, potenciando o bem-estar e a saúde”, refere a ENSP.

Segundo Sónia Dias, “são os participantes com menores rendimentos quem mais reporta um impacto negativo na sua saúde física, situação económica e profissional”. “Estes dados confirmam os impactos desiguais da pandemia de acordo com as circunstâncias de vida das pessoas, apontando um agravamento de situações de vulnerabilidade socioeconómica”, salienta.

Preocupados com a saúde mental

No momento actual, 65% dos participantes no estudo consideram ter risco moderado ou elevado de ficarem infectados com covid-19, sendo que uma em cada três pessoas percepciona risco baixo ou nulo, sobretudo homens, grupos etários mais jovens e pessoas com mais de 65 anos. Apesar da percepção de risco reportada, 69% referem estar pouco ou nada preocupados com a covid-19.

Os participantes mostram-se mais preocupados com a saúde mental (55%), com o acesso a cuidados de saúde de rotina (50,9%) e de urgência (60%) do que com aspectos como a covid-19 ou outras doenças respiratórias.

O inquérito revela ainda que a maioria dos participantes já tomou (26%) ou pretende tomar o reforço da vacina (44%), sendo que é entre os mais jovens e com maior nível de escolaridade que se verifica uma maior percentagem de hesitação (22% do grupo 16-25 anos não pretende tomar a vacina).

Por outro lado, verifica-se que a maioria dos participantes (79%) recomenda a vacinação a pessoas próximas que façam parte de grupos de risco. “Num contexto de normalização da infecção, poderá haver alguma tendência para atribuir importância à vacinação apenas no caso de grupos mais vulneráveis”, salienta Sónia Dias.

Mantendo o compromisso de monitorizar as percepções da população ao longo dos quase três anos da pandemia, a ENSP-Nova actualizou a recolha de dados, junto de mais de três mil participantes, para compreender como se posiciona a população na fase actual de evolução da pandemia.

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