Alfarrabistas: a Bizantina das Portas de Santo Antão já não vai fechar

Proprietário da livraria e o dono do espaço chegaram a acordo para novo donativo a pagar mensalmente.

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A Bizantina da Rua das Portas de Santo Antão Miguel Manso

Lisboa não vai perder mais uma livraria alfarrabista. A Bizantina da Rua das Portas de Santo Antão, na Baixa alfacinha, iria encerrar as suas portas por não poder pagar a nova “renda” que o senhorio – a Sociedade Histórica da Independência de Portugal (SHIP) – esperava receber. Na tarde desta sexta-feira, a SHIP aceitou baixar o donativo que o proprietário paga mensalmente e a livraria vai continuar de portas abertas.

A notícia foi avançada na página online da revista TimeOut e confirmada pelo PÚBLICO. “O acordo foi encerrado há pouco tempo. É verdade, a Bizantina da Rua das Portas e Santo Antão já não vai fechar”, afirmou ao PÚBLICO Carlos Bobone, filho do proprietário e que também trabalha nas duas livrarias alfarrabistas que o seu pai comanda.

“Não é a nossa livraria principal – a mais importante é a da Rua da Misericórdia , mas era muito triste Lisboa ver encerrar mais uma livraria. Manter as portas abertas é bom para toda a gente”, acrescentou Carlos Bobone.

O PÚBLICO revelou na passada segunda-feira que a livraria ia encerrar, porque o proprietário do espaço pediu um aumento significativo do donativo que a família paga desde 2005. Como a SHIP já era na altura uma sociedade sem fins lucrativos e, como tal, não podia cobrar rendas, ficou acordado pelas partes que a Bizantina faria um “donativo voluntário trimestral à sociedade”. A livraria alfarrabista ficava assim a pagar 4500 euros por trimestre (1500 por mês) pelo espaço de cerca de 13 metros quadrados e por mais um armazém da mesma dimensão.

Só que em Julho deste ano a direcção da SHIP, actualmente presidida por José Ribeiro Castro, comunicou ao proprietário da Bizantina que ia aumentar o donativo voluntário, passando de 1500 euros por mês para 2300. Carlos Bobone disse que ia pensar na proposta e ficou de dar uma resposta, quando regressasse ao trabalho. Em Agosto, anunciou que não aceitava. Pediu apenas que lhe dessem três meses para tratar da mudança. “No final do mês, fechamos portas. São dias tristes”, afirma o empresário ao PÚBLICO no início da semana.

O filho proprietário das livrarias alfarrabistas Bizantina não revelou o PÚBLICO qual o valor do novo donativo a pagar, dizendo apenas que “foi bom para as duas partes” e que fica entre o valor que pagava e aquele que SHIP pedia agora.

Ribeiro e Castro, presidente da SHIP, disse à TimeOut que a sociedade tinha entrado em contacto com Carlos Bobone, na sequência da notícia do PÚBLICO, que lhes explicou que, perante um aumento do valor do donativo em prol do saneamento das finanças da sociedade, não poderia manter de portas abertas este espaço junto ao Rossio. Nesta sexta-feira chegaram a acordo.

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