Clima: Nações Unidas vão usar satélites para vigiar as emissões de metano

Será criada uma base de dados para monitorizar as fugas de metano e identificar os responsáveis. Mais de 100 países comprometeram-se a reduzir as suas emissões de metano em 30% até 2030.

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Indústria petrolífera é responsável por grandes emissões de metano Sergei Karpukhin/Reuters

O Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) disse esta sexta que lançará uma base de dados pública de fugas de metano, detectadas por satélites espaciais. Ela vai inserir-se num novo programa para incentivar empresas e governos a reduzirem as suas emissões deste gás com efeito de estufa (GEE).

A base de dados, intitulada Methane Alert and Response System (Sistema de Alerta e Resposta ao Metano), ou apenas MARS, surgirá depois de, na Cimeira do Clima de 2021 (COP26), na cidade escocesa de Glasgow, mais de 100 nações mundiais terem assinado um compromisso global para, até 2030, reduzirem as suas emissões de metano em pelo menos 30% face aos valores de 2020.

“O MARS é um grande passo para ajudar governos e empresas a cumprirem esta importante meta climática de curto prazo”, afirmou a directora executiva do PNUA, Inger Andersen, num comunicado divulgado na Cimeira do Clima de 2022 (COP27), que decorre no Egipto até 18 de Novembro.

“Reduzir as emissões de metano pode fazer uma diferença grande e rápida, pois este gás deixa a atmosfera muito mais rapidamente do que o dióxido de carbono [CO2]”, acrescentou Inger Andersen.

O metano, que durante o seu curto tempo de vida útil tem um efeito de aquecimento maior do que o CO2, é, segundo cientistas, responsável por cerca de um quarto do aumento global das temperaturas até agora.

Segundo o PNUA, o MARS contará com uma rede de satélites espaciais, que detectarão manchas de metano em todo o mundo, estimarão o seu tamanho delas e identificarão a empresa ou o governo responsável pelas respectivas emissões.

O Observatório Internacional de Emissões de Metano, que foi lançado pelo PNUA há um ano, posteriormente partilhará informações sobre a fuga com quem for responsável, na esperança de identificar as causas e solucionar o problema.

Após um período de 45 a 75 dias, o observatório colocará informações sobre a fuga (e a resposta da empresa ou do governo responsável) no MARS.

Primeiramente, a base de dados vai concentrar-se nas operações globais de petróleo e gás, que resultam nas emissões de metano mais significativas. Depois, ocorrerá uma expansão gradual para o MARS cobrir outras indústrias, como a do carvão, a dos resíduos, a da pecuária e a do arroz.

A iniciativa será financiada em parte pelos governos dos Estados Unidos e de Estados-membros da União Europeia (UE), bem como por organizações filantrópicas, incluindo o Bezos Earth Fund (de Jeff Bezos, fundador da Amazon) e o Global Methane Hub.

John Kerry, enviado especial do Presidente norte-americano Joe Biden para as alterações climáticas, foi importante na COP26 para materializar o compromisso global que agora leva à base de dados para controlar as emissões de metano. O responsável diz que o MARS será vital para os futuros esforços climáticos.

“Cortar as emissões de metano é a oportunidade mais rápida para reduzir o aquecimento global e manter a meta dos 1,5 graus Celsius ao alcance. Este novo sistema de alerta e resposta ao metano será uma ferramenta crítica para nos ajudar a cumprir o compromisso global do metano”, disse. A meta dos 1,5 graus tem que ver com não deixarmos que a temperatura global suba 1,5 graus face à era pré-industrial.

Na COP27, os Estados Unidos e a UE também deverão tornar público um acordo conjunto, que esperam que venha a ser assinado por outras nações, para intensificar os esforços de redução das emissões de metano no sector dos combustíveis fósseis.

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